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1 de ago. de 2013

Um inimigo do povo – Henrik Ibsen (Parte II)



“Os poderosos, os mesquinhos, os interesseiros, cultivam a ignorância para se manterem no poder e obter lucros e vantagens”. Henrik Ibsen

Por quanto tempo ainda, esse clássico magistral, de 1882, permanecerá tão atual?

Prosseguindo com o artigo anterior, os editores do jornal A Voz do Povo, concluem que o artigo-denúncia do médico, Dr. Stockmann é arrasador e animam-se, crendo que o jornal dedicará grandes espaços para mostrar a incapacidade administrativa do prefeito: “Sim, mas essa gente não se derruba no primeiro golpe...”.

Para o doutor, agora não é só pelo esgoto, mas é toda sociedade que é preciso limpar, desinfetar: “(...) vejo que só os jovens poderão realizar o sonho de uma vida melhor”, e se entusiasma: “Basta que nos conservemos unidos.”.

Depois que sai da redação, os editores conversam que a educação cívica e a consciência dos cidadãos é importante, mas ponderam que quando um homem tem bens, o importante é protegê-los, e não meter-se em questões políticas.

O prefeito adentra sorrateiramente à redação, pela porta dos fundos. Apela à sensatez do Editor para que não publique a denúncia do médico, dizendo que ele tem certa influência. 

Esse confirma que sim, mas que é somente sobre os pequenos contribuintes, nada mais. E o prefeito: “Os pequenos contribuintes, a classe média, aqui como em toda parte, são os mais numerosos, os que decidem”.

Salienta ainda que quem pagará por esses gastos será a cidade, que a Estação Balneária ficaria por fechada pelo período mínimo de dois anos, que isso acabará com o turismo. O editor se preocupa: “E de que viveremos durante esse tempo, nós os proprietários?”.

O prefeito o tranquiliza dizendo que redigiu uma breve exposição sobre o caso, onde indica, as obras que são possíveis realizarem sem ultrapassar os recursos dos cofres.

Ao perceber que o Dr. Stockmann também chega à redação, o prefeito se esconde.

Antes exultante por ter a seu favor, a opinião pública, ao perceber o boné e a bengala do prefeito sobre a mesa, compreende que já não pode contar com a imprensa. O dono do jornal declinara.

O médico se exalta: “Só quero que publiquem meu artigo e eu vou mostrar como se defende uma ideia quando se tem a convicção de que se está certo”.

Ao ouvir a negativa, pergunta se não é ele que manda no jornal: “Não, senhor doutor, são os assinantes”. O prefeito surge e emenda: “Felizmente.”.

O diretor do jornal argumenta: “É a opinião pública, doutor. As pessoas esclarecidas, os proprietários de casas, a classe média, são eles que dirigem os jornais.”.

Asseguraram ao prefeito que o dele, sim, será publicado. O médico se dispõe a pagar pela impressão do seu, mas o editor afirma que não irá contra a opinião pública.

O Dr, Stockmann, então, tem a ideia de convocar uma assembleia popular. Para presidi-la, o prefeito indica o presidente da Associação dos Pequenos Proprietários de Imóveis, Sr. Aslaksen.

O prefeito pede a palavra: “(...) a meu juízo, nenhum dos cidadãos aqui presentes deseja que circulem boatos, rumores tendenciosos sobre a situação sanitária da Estação Balneária e da população”.

Inúmeras vozes o corroboram: “Não, não, não! Nada disso! Protestamos!”.

E prossegue: “Em vista disso, proponho que a assembleia não autorize o médico da Estação Balneária a ler o seu relatório (...) pode-se verificar que (...) tende, no fundo, a impor aos contribuintes um gasto inútil”.

O diretor do jornal toma a palavra e reitera que o doutor pretende que se promovam mudanças na estrutura de poder da cidade, que suas ideias custariam dinheiro aos cidadãos e que, por isso, é contra. É aplaudido.

Afirma que o jornal sempre defendeu as ideias progressistas e democráticas: “não é dever do jornalista estar sempre de acordo com a vontade do leitor? Não recebeu ele uma espécie de mandato tácito que o obriga a combater sem tréguas, para o bem daqueles cuja opinião representa?”.

Chocado, o médico confessa uma descoberta de muito mais alcance do que o envenenamento das águas: “Descobri que todas as fontes morais estão envenenadas e que toda a nossa sociedade repousa sobre o solo da mentira (...) vi a colossal estupidez das nossas autoridades...”.

Insiste que o assusta a enorme irresponsabilidade das pessoas que detêm o poder na comunidade, que tudo o que sabem fazer é destruir. O inimigo mais perigoso da verdade e da liberdade entre nós, diz ele, é a enorme e silenciosa maioria dos concidadãos que o priva da liberdade e o impede de dizer a verdade.

O público contesta: “A maioria sempre tem razão!”.


Contesta a pseudo-verdade de que a voz do povo é a voz da razão, perguntando que sentido tem as verdades proclamadas pela massa, que é manobrada pela mídia e pelos poderosos: “É a unanimidade, a massa – enfim, essa satânica e compacta maioria –, é ela, quem envenena as fontes de nossa vida e empesta o solo em que nos movemos”.

Vocifera que a doutrina segundo a qual a massa, a multidão constitui-se a essência do povo é perversa, pois atribui ao homem vulgar e ignorante, que representa as mazelas sociais, os mesmos direitos dos seres distintos que compõem uma elite intelectual.

Vozes protestam: “(...) Vamos por no olho da rua este sujeito que diz estes absurdos contra o povo.”.

Resoluto, o médico denuncia que a imprensa manipula o pensamento da população para ter vantagens. “Somos, sim, somos animais! (...), entre nós, há poucos animais de raça. Ah! Existe uma distância terrível entre o homem “de raça” e o homem “vira-lata”. E isso não tem nada a ver com classe social.”.

Esclarece que para se encontrar a plebe de que fala não se deve procurar somente nas classes mais baixas, mas principalmente nas classes sociais privilegiadas que também acolhe sua cota de plebeus “(...) enquanto um homem não tiver eliminado o que há de vulgar para atingir a verdadeira distinção espiritual.”.

Aponta para o prefeito: “Ele é um plebeu! Aqueles que obedecem e pensam somente pelas cabeças dos outros sempre serão plebeus morais! (...) Somente o pensamento livre, as ideias novas, a capacidade de um pensar diferente do outro, o contraditório, podem contribuir para o progresso material e moral da população”.

Atesta que verdadeiro grande mal é a pobreza, são as miseráveis condições de vida que esmagam muitas pessoas: “(...) Todos aqueles que vivem de mentiras devem ser exterminados como ervas daninhas!”.

Infectam todo o país: “E se todo o país ficar infectado com este nível de corrupção merecerá ser reduzido ao nada junto com seu povo!”. Um homem de bem não deve encobrir imundícies. É por isso que o idealista se manifesta.
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Eis que a Sabedoria reina, mas não governa, por isso, quem pensa (no todo) precisa voltar para a caverna, alertar aos amigos. Nós vamos achar que estais louco, mas sabes que cegos estamos nós, prisioneiros acorrentados à escuridão da caverna.

Abordo "O mito da caverna", de Platão - Livro VII da República.

Eis o télos (do grego: propósito, objetivo) da Filosofia e do filósofo. Agir na cidade. Ação política. Phrônesis na Pólis.

Curso de Mitologia Grega

Curso de Mitologia Grega
As exposições mitológicas explicitam arquétipos (do grego, arché + typein = princípio que serve de modelo) atemporais e universais.

Desse modo, ao antropomorficizarem os deuses, ou seja, dar-lhes características genuinamente humanas, os antigos revelaram os princípios (arché) de sentimentos e conflitos que são inerentes a todo e qualquer mortal.

A necessidade da ordem (kósmos), da harmonia, da temperança (sophrosyne) em contraponto ao caos, à desmedida (hýbris) ou, numa linguagem nietzschiana, o apolíneo versus o dionisíaco, constitui a base de toda antiga pedagogia (Paidéia) tão cara à aristocracia grega (arístois, os melhores, os bem-nascidos posto que "educados").

Com os exponenciais poetas (aedos) Homero (Ilíada e Odisséia), Hesíodo (A Teogonia e O trabalho e os dias), além dos pioneiros tragediógrafos Sófocles e Ésquilo, dispomos de relatos que versam sobre a justiça, o amor, o trabalho, a vaidade, o ódio e a vingança, por exemplo.

O simples fato de conhecermos e atentarmos para as potências (dýnamis) envolvidas na fomentação desses sentimentos, torna-nos mais aptos a deliberar e poder tomar a decisão mais sensata (virtude da prudencia aristotélica) a fim de conduzir nossas vidas, tanto em nossos relacionamentos pessoais como indivíduos, quanto profissionais e sociais, coletivos.

AGIMOS COM MUITO MAIS PRUDÊNCIA E SABEDORIA.

E era justamente isso que os sábios buscavam ensinar, a harmonia para que os seres humanos pudessem se orientar em suas escolhas no mundo, visando atingir a ordem presente nos ideais platônicos de Beleza, Bondade e Justiça.

Estou certa de que a disseminação de conhecimentos tão construtivos contribuirá para a felicidade (eudaimonia) dos amigos, leitores e ouvintes.

Não há dúvida quanto a responsabilidade do Estado, das empresas, de seus dirigentes, bem como da mídia e de cada um de nós, no papel educativo de nosso semelhante.

Ao investir em educação, aprimoramos nossa cultura, contribuimos significativamente para que nossa sociedade se torne mais justa, bondosa e bela. Numa palavra: MAIS HUMANA.

Bem-vindos ao Olimpo amigos!

Escolha: Senhor ou Escravo das Vontades.

A Justiça na Grécia Antiga

A Justiça na Grécia Antiga

Transição do matriarcado para o patriarcado

A Justiça nos primórdios do pensamento ocidental - Grécia Antiga (Arcaica, Clássica e Helenística).

Nessa imagem de Bouguereau, Orestes (Membro da amaldiçoada Família dos Atridas: Tântalo, Pélops, Agamêmnon, Menelau, Clitemnestra, Ifigênia, Helena etc) é perseguido pelas Erínias: Vingança que nasce do sangue dos órgãos genitais de Ouranós (Céu) ceifado por Chronos (o Tempo) a pedido de Gaia (a Terra).

O crime de matricídio será julgado no Areópago de Ares, presidido pela deusa da Sabedoria e Justiça, Palas Athena. Saiba mais sobre o famoso "voto de Minerva": Transição do Matriarcado para o Patriarcado. Acesse clicando AQUI.

Versa sobre as origens de Thêmis (A Justiça Divina), Diké (A Justiça dos Homens), Zeus (Ordenador do Cosmos), Métis (Deusa da presciência), Palas Athena (Deusa da Sabedoria e Justiça), Niké (Vitória), Erínias (Vingança), Éris (Discórdia) e outras divindades ligadas a JUSTIÇA.

A ARETÉ (excelência) do Homem

se completa como Zoologikon e Zoopolitikon: desenvolver pensamento e capacidade de viver em conjunto. (Aristóteles)

Busque sempre a excelência!

Busque sempre a excelência!

TER, vale + que o SER, humano?

As coisas não possuem valor em si; somos nós que, através do nôus, valoramos.

Nôus: poder de intelecção que está na Alma, segundo Platão, após a diânóia, é a instância que se instaura da deliberação e, conforme valores, escolhe. É o reduto da liberdade humana onde um outro "logistikón" se manifesta. O Amor, Eros, esse "daimon mediatore", entre o Divino (Imortal) e o Humano (Mortal) pode e faz a diferença.

Ser "sem nôus", ser "sem amor" (bom daimon) é ser "sem noção".

A Sábia Mestre: Rachel Gazolla

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O Sábio Mestre: Antonio Medina Rodrigues (1940-2013)

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