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1 de nov. de 2013

Movimentos filosóficos helenísticos: o epicurismo (Parte I)


Assim como a palavra “cínico”, hoje em dia, não se refere mais à escola filosófica fundada por Diógenes de Sínope (Movimentos filosóficos helenísticos: os cínicos, AQUI.), mas designa alguém dissimulado, o termo “epicurista” nomeia erroneamente alguém “escravo dos prazeres”, especialmente os sexuais, mas para essa escola, o prazer, que é o valor supremo, na verdade é a ausência de dor e de sofrimentos.

O epicurismo surgiu na mesma época que o estoicismo de Zenão (Movimentos filosóficos helenísticos: o estoicismo, AQUI.) e foi fundado pelo filósofo grego Epicuro (341 a.C.) que, por volta dos 35 anos se estabeleceu em Atenas e adquiriu um terreno cercado por jardins para erigir sua escola, que ficou conhecida como “O Jardim”, onde veio a ensinar até os setenta anos.

Segundo Néstor Luis Cordero, tanto Epicuro quanto o epicurismo foram longe e, em meados do séc. II a.C., o epicurismo instalou-se em Roma: “(...) e o primeiro filósofo que escreveu em uma língua não grega foi um epicurista, Lucrécio”, aponta o estudioso.

Também como Diógenes e Zenão, Epicuro não encontrou as respostas que buscava nas escolas já estabelecidas (na Academia, de Platão ou no Liceu de Aristóteles), pois elas colocavam a felicidade como meta de uma longa série de estudos, e para o imediatista Epicuro, “o ser humano vive ‘hoje’, e a filosofia que conduz à felicidade, é uma atividade urgente, quase um serviço de primeiros socorros”, ressalta Cordero.

Epicuro escreveu muito, mas dele chegaram apenas três cartas e duas coleções de máximas ou sentenças, conhecidas tardiamente e que são chamadas de “as Máximas capitais” e “Sentenças Vaticanas”, guardadas na biblioteca do Vaticano.

Para e escola epicurista, a causa da infelicidade humana é sermos vítimas “do que se diz”, principalmente sobre os deuses, a morte e o sofrimento.

Para eles, se escutarmos a voz da natureza, tais temores desaparecem, mas para isso é necessário filosofar. E filosofar seriamente e não meramente fazer de conta: “Não se trata de aparentar ter uma boa saúde, diz Epicuro, mas de estar saudável de fato”.

A filosofia é como um medicamento que deve ser administrado o quanto antes: “Que ninguém, quando jovem, tarde em filosofar, nem, quando velho, se canse de filosofar, pois nunca é nem demasiado cedo, nem demasiado tarde para obter a saúde da alma”, roga Epicuro, na “Carta a Meneceu”, disponível abaixo.

Cordero afirma que para a escola epicurista, o conhecimento da verdadeira natureza das coisas constitui a física (ciência da phýsis), e a aplicação dos conhecimentos que dela são obtidos fazem parte da ética (lembremo-nos, que os estoicos ressaltavam a lógica).

Epicuro nomeia o conhecimento dessa realidade de “fisiologia”, etimologicamente “conhecimento da phýsis” e aponta que esse conhecimento leva à felicidade, que é o “viver bem”.

Evitando prolongar-se nas investigações, os epicuristas adotaram a física dos atomistas, estabelecendo como princípios da realidade as partículas indivisíveis, os “átomos” e o espaço no qual eles vagueiam, em todas as direções.

Para Epicuro, esclarece Cordero, apenas do ponto de vista metafórico pode-se falar de um “para cima” e de um “para baixo” no movimento desses átomos no vazio e pode-se então imaginar uma “queda” dos átomos: “Em função desta queda, atribui-se a Epicuro a possibilidade de que, em algum momento, se produza um “desvio” na trajetória, o que justificaria a liberdade da vontade”.

Tanto a natureza quanto os seres humanos, tudo é constituído por átomos e vazio e para os epicuristas a alma também é material: “Aqueles que afirmam que a alma é incorpórea, falam para não dizer nada, pois, se o fosse, seria incapaz de padecer ou de atuar sobre qualquer outra coisa” (Epicuro, em “Carta a Heródoto”, 67).

Em seu poema, o epicurista romano Lucrécio afirma: “A alma está contida na totalidade do corpo; ela é seu guardião, pois assegura sua salvação; raízes comuns os unem mutuamente, e não pode separá-los sem destruí-los”.

Para Epicuro, aquele que vive bem encontra calma e serenidade e isso ocorre, quando a filosofia nos cura das principais doenças da alma: o medo dos deuses, o medo da morte, o medo do sofrimento.


Quanto aos deuses, ressalta o intérprete, se sabemos o que são, não há nada a temer. Mas só temos “suposições” e não “pré-concepções” e, como Cícero diz: “somente ele [Epicuro] viu com clareza que os deuses existiam, já que a própria natureza imprimiu sua noção no espírito dos homens. Com efeito, qual é a razão humana que não tem, sem que se lhe precise ensinar, uma pré-concepção dos deuses?”.

Sendo assim, as imagens dos deuses não entram pelos sentidos, mas antes, são percebidas nos sonhos: “Mas a pré-concepção dos deuses torna-se efetiva no interior de cada indivíduo. Os deuses existem objetivamente, mas apenas se consolidam quando se forma a pré-concepção, e esta se produz em uma parte da alma”.

Para os epicuristas, os deuses são modelos de conduta individuais, pois cada indivíduo elabora sua “pré-concepção” em função da vida bem-aventurada a que cada um aspira, aponta o autor.

E isso é assim porque “os deuses são seres vivos incorruptíveis e bem-aventurados”, e não deve se lhes atribuir nada que prejudique esse estado, diz Epicuro.

Os deuses existem, então, tal como os concebemos na pré-concepção deles, mas não existem da maneira que se “supõe” que existam, quer dizer “como crê o vulgo”, que se apega a “suposições”, ressalta Epicuro.

Epicuro contesta a crença na existência de deuses tradicionais, os que estão a todo tempo nos observando, julgando e castigando e no chamado “deus dos filósofos”, que se encarregam primeiro de produzir e depois de regular a ordem universal: “O mundo não foi fabricado pela divindade, uma vez que é completamente defeituoso”, escreve o epicurista romano Lucrécio.

Epicuro insistiu que não é ímpio quem elimina os deuses da massa, e diz-se que Lucrécio assimila essas opiniões da massa à da religião de seu tempo, enaltecendo-o como “um grego que teve a coragem de olhar de frente a religião”, que com seu peso “esmagava a espécie humana”.

Os deuses, para Epicuro, tomam forma, ou seja, adquirem “realidade”, apenas no interior do ser humano e, mesmo assim, têm uma consistência muito tênue (o que o aproxima do ateísmo) e essa certa “impotência” divina garante que sejam incapazes de influir na vida humana. Se for assim, por que temê-los? O temor aos deuses não tem sentido, conclui.

Quanto à morte, temê-la é causa de grande infortúnio, mas um conhecimento preciso da realidade dela dissipa tal temor: “Acostuma-te a pensar que a morte não é nada para nós, pois todo bem e todo mal residem na sensação, e a morte é a privação da sensação”, roga Epicuro.


A sensação é a base do conhecimento e não experimentamos nenhuma sensação da morte, portanto, não devemos temê-la, pois não podemos senti-la: “Quando estamos vivos, a morte não está presente, e quando ela estiver presente, já não estaremos vivos”, diz Epicuro.

A opinião de que a morte nos faz sofrer não tem fundamento, é mera suposição, o filósofo francês Michel de Montaigne esclarece dizendo: “Na realidade, o que mais dizemos temer na morte é a dor, seu pregoeiro habitual”.

Mas, a morte e os demais sofrimentos podem esperar, prossigamos.


EPICURO (341 a.C.)
CARTA SOBRE A FELICIDADE (a Meneceu)

Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito.

Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou, é como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz.

Desse modo, a filosofia é útil tanto ao jovem quanto ao velho: para quem está envelhecendo sentir-se rejuvenescer através da grata recordação das coisas que já se foram, e para o jovem poder envelhecer sem sentir medo das coisas que estão por vir; é necessário, portanto, cuidar das coisas que trazem a felicidade, já que, estando esta presente, tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para alcançá-la.

Pratica e cultiva então aqueles ensinamentos que sempre te transmiti, na certeza de que eles constituem os elementos fundamentais para uma vida feliz.

Em primeiro lugar, considerando a divindade como um ente imortal e bem aventurado, como sugere a percepção comum de divindade, não atribuas a ela nada que seja incompatível com a sua imortalidade, nem inadequado à sua bem-aventurança; pensa a respeito dela tudo que for capaz de conservar-lhe felicidade e imortalidade.

Os deuses de fato existem e é evidente o conhecimento que temos deles; já a imagem que deles faz a maioria das pessoas, essa não existe: as pessoas não costumam preservar a noção que têm dos deuses. Ímpio não é quem rejeita os deuses em que a maioria crê, mas sim quem atribui aos deuses os falsos juízos dessa maioria. Com efeito, os juízos do povo a respeito dos deuses não se baseiam em noções inatas, mas em opiniões falsas.

Daí a crença de que eles causam os maiores malefícios aos maus e os maiores benefícios aos bons. Irmanados pelas suas próprias virtudes, eles só aceitam a convivência com os seus semelhantes e consideram estranho tudo que seja diferente deles.

Acostuma-se à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações. A consciência de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição da vida efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminando o desejo de imortalidade.

Não existe nada de terrível na vida para quem está perfeitamente convencido de que não há nada de terrível em deixar viver. É tolo, portanto quem diz ter medo da morte, não porque a chegada desta lhe trará sofrimento, mas porque o aflige a própria espera: aquilo que não nos perturba quando presente não deveria afligir-nos enquanto está sendo esperado.

Então, o mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada para nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos.

A morte, portanto, não é nada, nem para os vivos nem para os mortos, já que para aqueles ela não existe, ao passo que estes não estão mais aqui. E, no momento, a maioria das pessoas a foge da morte como se fosse o maior dos males, ora a deseja como descanso dos males da vida.

O sábio, porém, nem desdenha viver, nem teme deixar de viver; para ele, viver não é um fardo e não-viver não é um mal. Assim, como opta pela comida mais saborosa e não pela mais abundante, do mesmo modo ele colhe os doces frutos de um tempo bem vivido, ainda que breve.

Quem aconselha o jovem a viver bem e o velho a morrer bem não passa de um tolo, não só pelo que a vida tem de agradável para ambos, mas também porque se deve ter exatamente o mesmo cuidado em honestamente morrer. Mas pior ainda é aquele que diz: bom seria não ter nascido, mas uma vez nascido, transpor o mais depressa possível as portas do Hades.

Se ele diz isso com plena convicção, por que não se vai desta vida? Pois é livre para fazê-lo, se for esse realmente seu desejo; mas se o disse por brincadeira, foi um frívolo em falar de coisas que brincadeira não admitem.

Nunca devemos nos esquecer de que o futuro não é nem totalmente nosso, nem totalmente não-nosso, para não sermos obrigados a esperá-lo como se estivesse por vir com toda a certeza, nem nos desesperarmos como se não estivesse por vir jamais.

Consideremos também que, dentre os desejos, há os que são naturais e os que são inúteis; dentre os naturais, há uns que são necessários e outros, apenas naturais; dentre os necessários, há alguns que são fundamentais para a felicidade, outros, para o bem-estar corporal, outros, ainda, para a própria vida.

E o conhecimento seguro dos desejos leva a direcionar toda escolha e toda recusa para a saúde do corpo e para a serenidade do espírito, visto que esta é a finalidade da vida feliz: em razão desse fim praticamos todas as nossas ações, para nos afastarmos da dor e do medo.

Uma vez que tenhamos atingido esse estado, toda a tempestade da alma se aplaca, e o ser vivo não tendo que ir em busca de algo que lhe falta, nem procurar outra coisa a não ser o bem da alma e do corpo, estará satisfeito. De fato, só sentimos necessidade do prazer quando sofremos pela sua ausência; ao contrário, quando não sofremos, essa necessidade não se faz sentir.

É por essa razão que afirmamos que o prazer é o início e o fim de uma vida feliz. Com efeito, nós o identificamos como o bem primeiro e inerente ao ser humano, em razão dele praticamos toda escolha e toda recusa, e a ele chegamos escolhendo todo bem de acordo com a distinção entre prazer e dor.

Embora o prazer seja nosso bem primeiro e inato, nem por isso escolhemos qualquer prazer: há ocasiões em que evitamos muitos prazeres, quando deles nos advêm efeitos o mais das vezes desagradáveis; ao passo que consideramos muitos sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer maior advier depois de suportarmos essas dores por muito tempo.

Portanto, todo prazer constitui um bem por sua própria natureza; não obstante isso, nem todos são escolhidos; do mesmo modo, toda dor é um mal, mas nem todas devem ser sempre evitadas. Convém, portanto, avaliar todos os prazeres e sofrimentos de acordo com o critério dos benefícios e dos danos. Há ocasiões em que utilizamos um bem como se fosse um mal e, ao contrário, um mal como se fosse um bem.

Consideramos ainda a auto-suficiência um grande bem; não que devamos nos satisfazer com pouco, mas para nos contentarmos esse pouco caso não tenhamos o muito, honestamente convencidos de que desfrutam melhor a abundância os que menos dependem dela; tudo o que é natural é fácil de conseguir; difícil é tudo o que é inútil.

Os alimentos mais simples proporcionam o mesmo prazer que as iguarias mais requintadas, desde que se remova a dor provocada pela falta: pão e água produzem o prazer mais profundo quando ingeridos por quem deles necessita.

Habituar-se às coisas simples, a um modo de vida não luxuoso, portanto, não é só conveniente para a saúde, como ainda proporciona ao homem os meios para enfrentar corajosamente as adversidades da vida: nos períodos em que conseguimos levar uma existência rica, predispõe o nosso ânimo para melhor aproveitá-la, e nos prepara para enfrentar sem temos as vicissitudes da sorte.

Quando então dizemos que o fim último é o prazer, não nos referimos aos prazeres dos intemperantes ou aos que consistem no gozo dos sentidos, como acreditam as pessoas que ignoram o nosso pensamento, ou não concordam com ele, ou o interpretam erroneamente, mas ao prazer que é a ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma.

Não são, pois, bebidas nem banquetes contínuos, nem a posse de mulheres e rapazes, nem o sabor dos peixes ou das outras iguarias de uma mesa farta que tornam doce uma vida, mas um exame cuidadoso que investigue as causas de toda escolha e de toda rejeição e que remova as opiniões falsas em virtude das quais uma imensa perturbação toma conta dos espíritos.

De todas essas coisas, a prudência é o princípio e o supremo bem, razão pela qual ele é mais preciosa do que a própria filosofia; é dela que originaram todas as demais virtudes; é ela que nos ensina que não existe vida feliz sem prudência, beleza e justiça sem felicidade. Porque as virtudes estão intimamente ligadas à felicidade, e a felicidade é inseparável delas.

Na tua opinião, será que pode existir alguém mais feliz do que o sábio, que tem um juízo reverente acerca dos deuses, que se comporta de modo absolutamente indiferente perante a morte, que bem compreende a finalidade da natureza, que discerne que o bem supremo está nas coisas simples e fáceis de obter, e que o mal supremos ou dura pouco, ou só nos causa sofrimentos leves?

Que nega o destino, apresentado por alguns como o senhor de tudo, já que as coisas acontecem ou por necessidade, ou por acaso, ou por vontade nossa; e que a necessidade é incoercível, o acaso instável, enquanto nossa vontade é livre, razão pela qual nos acompanham a censura e o louvor?

Mais vale aceitar o mito dos deuses, do que ser escravo do destino dos naturalistas; o mito pelo menos nos oferece a esperança do perdão dos deuses através das homenagens que lhes prestamos, ao passo que o destino é uma necessidade inexorável.

Entendendo que a sorte não é uma divindade, como a maioria das pessoas acredita (pois um deus não faz nada ao acaso), nem algo incerto, o sábio não crê que ela proporcione aos
homens nenhum bem ou nenhum mal que sejam fundamentais para uma vida feliz, mas, sim, que dela pode surgir o início de grandes bens e de grandes males.

A seu ver, é preferível ser desafortunado e sábio, a ser afortunado e tolo; na prática, é melhor que um bom projeto não chegue a bom termo, do que chegue a ter êxito um projeto mau.

Medita, pois, todas estas coisas e muitas outras a elas congêneres, dia e noite, contigo mesmo e com teus semelhantes, e nunca mais te sentirás perturbado, quer acordado, quer dormindo, mas viverás como um deus entre os homens. Porque não se assemelha absolutamente a um mortal o homem que vive entre bens imortais.

Epicuro *
Do livro: “Carta sobre Epicuro”, Editora Unesp, ed. bilíngue, grego/português, trad. Álvaro Lorencini e Enzo Del Carratore, 1997, SP

PS: Confiram imagens do Curso de Mitologia em Roma, acessando: www.cursodemitologiaemroma.blogspot.com
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Eis que a Sabedoria reina, mas não governa, por isso, quem pensa (no todo) precisa voltar para a caverna, alertar aos amigos. Nós vamos achar que estais louco, mas sabes que cegos estamos nós, prisioneiros acorrentados à escuridão da caverna.

Abordo "O mito da caverna", de Platão - Livro VII da República.

Eis o télos (do grego: propósito, objetivo) da Filosofia e do filósofo. Agir na cidade. Ação política. Phrônesis na Pólis.

Curso de Mitologia Grega

Curso de Mitologia Grega
As exposições mitológicas explicitam arquétipos (do grego, arché + typein = princípio que serve de modelo) atemporais e universais.

Desse modo, ao antropomorficizarem os deuses, ou seja, dar-lhes características genuinamente humanas, os antigos revelaram os princípios (arché) de sentimentos e conflitos que são inerentes a todo e qualquer mortal.

A necessidade da ordem (kósmos), da harmonia, da temperança (sophrosyne) em contraponto ao caos, à desmedida (hýbris) ou, numa linguagem nietzschiana, o apolíneo versus o dionisíaco, constitui a base de toda antiga pedagogia (Paidéia) tão cara à aristocracia grega (arístois, os melhores, os bem-nascidos posto que "educados").

Com os exponenciais poetas (aedos) Homero (Ilíada e Odisséia), Hesíodo (A Teogonia e O trabalho e os dias), além dos pioneiros tragediógrafos Sófocles e Ésquilo, dispomos de relatos que versam sobre a justiça, o amor, o trabalho, a vaidade, o ódio e a vingança, por exemplo.

O simples fato de conhecermos e atentarmos para as potências (dýnamis) envolvidas na fomentação desses sentimentos, torna-nos mais aptos a deliberar e poder tomar a decisão mais sensata (virtude da prudencia aristotélica) a fim de conduzir nossas vidas, tanto em nossos relacionamentos pessoais como indivíduos, quanto profissionais e sociais, coletivos.

AGIMOS COM MUITO MAIS PRUDÊNCIA E SABEDORIA.

E era justamente isso que os sábios buscavam ensinar, a harmonia para que os seres humanos pudessem se orientar em suas escolhas no mundo, visando atingir a ordem presente nos ideais platônicos de Beleza, Bondade e Justiça.

Estou certa de que a disseminação de conhecimentos tão construtivos contribuirá para a felicidade (eudaimonia) dos amigos, leitores e ouvintes.

Não há dúvida quanto a responsabilidade do Estado, das empresas, de seus dirigentes, bem como da mídia e de cada um de nós, no papel educativo de nosso semelhante.

Ao investir em educação, aprimoramos nossa cultura, contribuimos significativamente para que nossa sociedade se torne mais justa, bondosa e bela. Numa palavra: MAIS HUMANA.

Bem-vindos ao Olimpo amigos!

Escolha: Senhor ou Escravo das Vontades.

A Justiça na Grécia Antiga

A Justiça na Grécia Antiga

Transição do matriarcado para o patriarcado

A Justiça nos primórdios do pensamento ocidental - Grécia Antiga (Arcaica, Clássica e Helenística).

Nessa imagem de Bouguereau, Orestes (Membro da amaldiçoada Família dos Atridas: Tântalo, Pélops, Agamêmnon, Menelau, Clitemnestra, Ifigênia, Helena etc) é perseguido pelas Erínias: Vingança que nasce do sangue dos órgãos genitais de Ouranós (Céu) ceifado por Chronos (o Tempo) a pedido de Gaia (a Terra).

O crime de matricídio será julgado no Areópago de Ares, presidido pela deusa da Sabedoria e Justiça, Palas Athena. Saiba mais sobre o famoso "voto de Minerva": Transição do Matriarcado para o Patriarcado. Acesse clicando AQUI.

Versa sobre as origens de Thêmis (A Justiça Divina), Diké (A Justiça dos Homens), Zeus (Ordenador do Cosmos), Métis (Deusa da presciência), Palas Athena (Deusa da Sabedoria e Justiça), Niké (Vitória), Erínias (Vingança), Éris (Discórdia) e outras divindades ligadas a JUSTIÇA.

A ARETÉ (excelência) do Homem

se completa como Zoologikon e Zoopolitikon: desenvolver pensamento e capacidade de viver em conjunto. (Aristóteles)

Busque sempre a excelência!

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TER, vale + que o SER, humano?

As coisas não possuem valor em si; somos nós que, através do nôus, valoramos.

Nôus: poder de intelecção que está na Alma, segundo Platão, após a diânóia, é a instância que se instaura da deliberação e, conforme valores, escolhe. É o reduto da liberdade humana onde um outro "logistikón" se manifesta. O Amor, Eros, esse "daimon mediatore", entre o Divino (Imortal) e o Humano (Mortal) pode e faz a diferença.

Ser "sem nôus", ser "sem amor" (bom daimon) é ser "sem noção".

A Sábia Mestre: Rachel Gazolla

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O Sábio Mestre: Antonio Medina Rodrigues (1940-2013)

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