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luciene felix lamy EM ATO!

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1 de jan. de 2016

Existirpontocom: com quem se relacionar?



 Vão bater na sua porta, sentar numa cadeira e consumir seu tempo sem lhe acrescentar nada. Quando muitas pessoas nulas aparecem e seguem aparecendo, você tem que ser cruel com elas, pois elas estão sendo cruéis com você. Você tem que botá-las pra correr. Tolerar os embotados não é sinal de humanidade, apenas aumenta seu próprio embotamento, e eles sempre deixam um pouco desse peso com você quando vão embora." 
Charles Bukowski (1920-1994), poeta e escritor alemão.

Detox! Início de ano é momento apropriado à reflexão e adoção de hábitos mais salutares. O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) dizia que para se viver bem é preciso saber escolher onde morar, o que comer e com quem se relacionar.

Considerando que, em termos de moradia, não paire muitas dúvidas sobre o que seria aprazível e –, ainda mais evidente e passível de consenso – quais são os alimentos saudáveis ao nosso organismo, ponderemos sobre com quem e de que modo nos relacionamos, até porque, existimos “com” e, nos tempos que correm, cada vez mais “existimospontocom”.

Somos mesmo livres para escolher com quem e de que modo nos relacionamos? Por quais valores nos pautamos quando elegemos com quem convivemos?

Há, no princípio, as inerentes e inevitáveis relações que – estreitas ou nem tanto – travamos ao longo da existência, inicialmente em nosso núcleo familiar de origem, que engloba nossos pais (padrasto ou madrasta, se for o caso), estende-se aos nossos irmãos (se houver) e vai se expandindo, abarcando tios(as) e primos(as), por exemplo.




Nascemos, crescemos e, após a eclosão dos hormônios em ebulição, embevecidos e reféns do sentimento de amor (idealisticamente falando), é provável que geremos nossos filhos, fundando nossa própria família.

Obviamente, talvez não seja – necessariamente – somente uma única vez que nos empenhemos em fundar nosso próprio núcleo familiar, nem consideremos filhos somente os que geramos, mas por enquanto, detenhamo-nos à regra, não às exceções (mesmo que essas estejam tornando-se regra).

Fato é que, independente de quantas vezes sejamos reféns do amor, quando nos unimos a alguém surge a convivência – assídua ou esporádica – com os familiares de nossos cônjuges, “caindo em nosso colo”, os ilustres outrora desconhecidos: sogros, noras, genros, cunhados(as) e novos “sobrinhos”.

Surgem também os amigos que nosso(a) parceiro(a) nos trouxer e que, eventualmente, se tornarão nossos amigos em comum, embora saibamos que “O destino decide quem vamos encontrar na vida, as atitudes decidem quem fica”.

Por algumas dessas pessoas trazidas pelo acaso (outro nome do destino), nos sentiremos bem-quistos e acolhidos, a afinidade poderá ser instantânea, enfim, o temperamento coincidirá, enquanto que com outras, por mais que nos esforcemos, aquela aconchegante cumplicidade e confiança mútua não aflora e, ainda que timidamente aflore, não vinga, mesmo com o passar de décadas de relativo convívio. Trata-se de algo natural e não há nada de nefasto ou condenável nisso, apenas é assim.

Já a afeição imediata, talvez também seja inútil tentar compreendê-la, pois como atesta a frase atribuída ao Duque de La Rochefoucauld: “Há pessoas desagradáveis, apesar de suas qualidades e outras encantadoras, apesar de seus defeitos”, ou seja, não há explicação lógica para sintonia de alma.




Amigos são aquelas pessoas que, diferente dos membros da família (a nossa de origem, a que fundamos ou a trazida por nosso cônjuge), escolhemos. E não fazemos isso – necessariamente – de forma racional, como quem seleciona as melhores frutas nas barracas da feira ou nas gôndolas do supermercado.

Atualmente, os primeiros ensaios de inserção na vida social fora do seio familiar ocorrem ainda nas fraldas e assim, por toda vida, ao longo da existência, conheceremos e amealharemos muitos colegas (denominando a todos de “amigos”) que preencherão a vasta escala que vai do simples e vagamente “conhecido” ao “íntimo”, a quem revelamos os sonhos acalentados, os nossos planos e aos quais também confidenciaremos nossas frustrações, os desapontamentos, as fraquezas e mazelas de nossas almas.

Não há como identificar e adotar um critério lógico universal, pois escolhemos conforme nossa vontade – elegemos aqueles de quem gostamos e ponto – e não teremos dificuldades em atribuir razões à nossas escolhas, pois como afirma o poeta inglês William Shakespeare, em Hamlet: “a razão é alcoviteira da vontade” e, sim, essa escudeira fiel, sempre estará a serviço de nossos interesses.

Dito isto, “Panta Rhei” (Tudo flui) adverte o filósofo pré-socrático Heráclito de Éfesos. O que foi não permanece – necessariamente – sendo. Nossa vida muda e, com ela, mudam-se também os valores, os interesses e, consequentemente, a afinidade por esse ou aquele amigo.

Isso explica o porquê de não nos sentirmos mais impelidos a cultivar amizade, mantendo relações com pessoas que, noutros tempos já foram consideradas até íntimas, enquanto que nesses baumanianos “tempos líquidos” novas oportunidades de amizades vão surgindo, numa velocidade e frequência cada vez mais intensas e quando nos damos conta, já não damos mais conta de tantos “amigos”.

O atentar ao com quem nos relacionarmos nietzschiano exige atenção, lucidez e cuidado para administrar a equação qualidade x quantidade, reveladora do princípio aristocrático do um ao invés de mil, desde que seja o melhor.

Ignorar a importância da adoção desse princípio – erro crasso! – é sacrificar a qualidade pela quantidade.

Insistir em chamar a atenção ao fato do quanto nosso tempo é, além de findável, exíguo e por isso mesmo precioso, pode parecer redundante e até desnecessário, no entanto, precisamos nos conscientizar de que nosso tempo é e parece estar sendo, cada vez mais, escasso mesmo.

Hoje, é possível amealhar mil “amigos líquidos” nas redes sociais, mas imaginar que essas pessoas sejam, de fato, amigos com quem podemos contar, é perseguir o utópico, pois amizade nutre-se de comunicação sim, mas de uma qualidade, digamos, mais personalizada, “artesanal”.




A adesão da multidão à comunicação rasa e em larga escala confirma a atualidade do pensamento do poeta romano Ovídio (43 a.C.- 17 d.C), perspicaz ao afirmar que: “As frivolidades cativam os espíritos levianos”, daí o sucesso das redes sociais, dos grupos de whatsapp, dos e-mails com cópia, snapchats, dos insta, por exemplo, pois esse tipo de interação, além de explicitar nossa ânsia constante por relações e entretenimentos, mesmo que superficiais, revelam que em termos de futilidade, somos mesmo uma legião.




Relações rasas, meramente de verniz ou mais intensas e profundas, não são excludentes, sempre existiram e coexistiram pacificamente, no entanto, a tudo convém moderação: “Cuidado com o paraíso dos tolos, pois é mais perigoso que o inferno, uma vez que as pessoas gostam de estar nele.”, alerta Pieter Bruegel.

Não negligenciemos o antigo hábito de cuidar – com mais atenção, carinho e exclusividade – daqueles poucos que nos fazem tão bem, que só de os lembrarmos um sorriso já se instala em nosso rosto, daqueles que por comprovada lealdade, prezamos de verdade: visitando, conversando pessoalmente, abraçando, compartilhando o balcão ou a mesa, hospedando, enfim, convivendo.

Nossas escolhas não precisam ser, necessariamente, lógicas: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”, diz o tragediógrafo Eurípides, na fala de Medeia, mas até à vontade – talvez, principalmente a ela – convém direção e propósito. Detox!





Luciene Felix Lamy

Professora de Filosofia e Mitologia Greco-romana da Galleria Borghese, Roma.

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Eis que a Sabedoria reina, mas não governa, por isso, quem pensa (no todo) precisa voltar para a caverna, alertar aos amigos. Nós vamos achar que estais louco, mas sabes que cegos estamos nós, prisioneiros acorrentados à escuridão da caverna.

Abordo "O mito da caverna", de Platão - Livro VII da República.

Eis o télos (do grego: propósito, objetivo) da Filosofia e do filósofo. Agir na cidade. Ação política. Phrônesis na Pólis.

Curso de Mitologia Grega

Curso de Mitologia Grega
As exposições mitológicas explicitam arquétipos (do grego, arché + typein = princípio que serve de modelo) atemporais e universais.

Desse modo, ao antropomorficizarem os deuses, ou seja, dar-lhes características genuinamente humanas, os antigos revelaram os princípios (arché) de sentimentos e conflitos que são inerentes a todo e qualquer mortal.

A necessidade da ordem (kósmos), da harmonia, da temperança (sophrosyne) em contraponto ao caos, à desmedida (hýbris) ou, numa linguagem nietzschiana, o apolíneo versus o dionisíaco, constitui a base de toda antiga pedagogia (Paidéia) tão cara à aristocracia grega (arístois, os melhores, os bem-nascidos posto que "educados").

Com os exponenciais poetas (aedos) Homero (Ilíada e Odisséia), Hesíodo (A Teogonia e O trabalho e os dias), além dos pioneiros tragediógrafos Sófocles e Ésquilo, dispomos de relatos que versam sobre a justiça, o amor, o trabalho, a vaidade, o ódio e a vingança, por exemplo.

O simples fato de conhecermos e atentarmos para as potências (dýnamis) envolvidas na fomentação desses sentimentos, torna-nos mais aptos a deliberar e poder tomar a decisão mais sensata (virtude da prudencia aristotélica) a fim de conduzir nossas vidas, tanto em nossos relacionamentos pessoais como indivíduos, quanto profissionais e sociais, coletivos.

AGIMOS COM MUITO MAIS PRUDÊNCIA E SABEDORIA.

E era justamente isso que os sábios buscavam ensinar, a harmonia para que os seres humanos pudessem se orientar em suas escolhas no mundo, visando atingir a ordem presente nos ideais platônicos de Beleza, Bondade e Justiça.

Estou certa de que a disseminação de conhecimentos tão construtivos contribuirá para a felicidade (eudaimonia) dos amigos, leitores e ouvintes.

Não há dúvida quanto a responsabilidade do Estado, das empresas, de seus dirigentes, bem como da mídia e de cada um de nós, no papel educativo de nosso semelhante.

Ao investir em educação, aprimoramos nossa cultura, contribuimos significativamente para que nossa sociedade se torne mais justa, bondosa e bela. Numa palavra: MAIS HUMANA.

Bem-vindos ao Olimpo amigos!

Escolha: Senhor ou Escravo das Vontades.

A Justiça na Grécia Antiga

A Justiça na Grécia Antiga

Transição do matriarcado para o patriarcado

A Justiça nos primórdios do pensamento ocidental - Grécia Antiga (Arcaica, Clássica e Helenística).

Nessa imagem de Bouguereau, Orestes (Membro da amaldiçoada Família dos Atridas: Tântalo, Pélops, Agamêmnon, Menelau, Clitemnestra, Ifigênia, Helena etc) é perseguido pelas Erínias: Vingança que nasce do sangue dos órgãos genitais de Ouranós (Céu) ceifado por Chronos (o Tempo) a pedido de Gaia (a Terra).

O crime de matricídio será julgado no Areópago de Ares, presidido pela deusa da Sabedoria e Justiça, Palas Athena. Saiba mais sobre o famoso "voto de Minerva": Transição do Matriarcado para o Patriarcado. Acesse clicando AQUI.

Versa sobre as origens de Thêmis (A Justiça Divina), Diké (A Justiça dos Homens), Zeus (Ordenador do Cosmos), Métis (Deusa da presciência), Palas Athena (Deusa da Sabedoria e Justiça), Niké (Vitória), Erínias (Vingança), Éris (Discórdia) e outras divindades ligadas a JUSTIÇA.

A ARETÉ (excelência) do Homem

se completa como Zoologikon e Zoopolitikon: desenvolver pensamento e capacidade de viver em conjunto. (Aristóteles)

Busque sempre a excelência!

Busque sempre a excelência!

TER, vale + que o SER, humano?

As coisas não possuem valor em si; somos nós que, através do nôus, valoramos.

Nôus: poder de intelecção que está na Alma, segundo Platão, após a diânóia, é a instância que se instaura da deliberação e, conforme valores, escolhe. É o reduto da liberdade humana onde um outro "logistikón" se manifesta. O Amor, Eros, esse "daimon mediatore", entre o Divino (Imortal) e o Humano (Mortal) pode e faz a diferença.

Ser "sem nôus", ser "sem amor" (bom daimon) é ser "sem noção".

A Sábia Mestre: Rachel Gazolla

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O Sábio Mestre: Antonio Medina Rodrigues (1940-2013)

O Sábio Mestre: Antonio Medina Rodrigues (1940-2013)

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