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1 de nov. de 2018

Sêneca - Da tranquilidade da Alma (Parte II)


“Eu não imaginava que isto me aconteceria! E porque não? Onde está, pois, a riqueza, que a miséria não pode alcançar? Onde está a onipotência, que não é ameaçada pela destruição? ” Sêneca

Prosseguindo com Sêneca em seus conselhos ao amigo Aneu Sereno, eis que o sábio pondera sobre os inesperados revezes da vida: “Eis que tombaste em qualquer situação difícil, sem que hajas feito nada para isso (...). Lembra-te de que encontrarás – em qualquer situação –  divertimentos, descansos e prazeres, SE te esforçares para julgar teus males leves, antes de considerá-los intoleráveis. Vê-se claramente que o filósofo põe em relevo uma postura que convém aos de bom senso, a de cultivar o otimismo.

É inegável que estamos todos ligados à Fortuna (boa ou má): “As honras prendem este, a riqueza aquele outro; este leva o peso de sua nobreza, aquele o de sua obscuridade, enfim, toda a vida é uma escravidão. É preciso, pois, acostumar-se à sua condição, queixando-se o menos possível e não deixando escapar nenhuma das vantagens que ela [a boa Fortuna] possa oferecer. ” E conclui que nenhum destino é tão insuportável que uma alma razoável não encontre nenhuma coisa para consolo.

Para vencer os obstáculos, diz ele, apela à razão! Renunciando ao que é impossível ou difícil demais para realizar, apeguemo-nos ao que, estando mais próximo, anima nossa esperança.

Não invejemos as situações elevadas, despojemo-nos do orgulho natural. Nada nos preservará melhor das inquietudes do que fixarmos sempre um limite para nossas ambições. Somos nossos grilhões, sem dúvida.

Segundo Sêneca, o sábio possui uma fé em si mesmo tão grande que não hesita em se dirigir ao encontro da Fortuna. Porque é sua pessoa que conta no número dos bens revogáveis, visto que ele vive com a ideia de que seu ser lhe é somente emprestado e está pronto para devolvê-lo de boa vontade.

Diante da morte iminente, em vez de voltar-se contra o destino, dirá: “Dou-te graças pelos bens que colocaste e deixaste em meu poder (...) como tu ordenas, devolvo, restituo tudo”.

Que a natureza, que é nossa primeira credora, nos reclame sua dívida; a ela também diremos: “Retoma esta alma, melhor do que ma deste. Retornar para o lugar de onde se vem: que há de cruel nisto? Quem não souber morrer bem terá vivido mal. ”

Doença, desemprego, falência, tragédia, nada disto é inesperado, sabemos do caos que a natureza condena a viver. Por que nos admirar pelos perigos que jamais cessaram de nos rodear?


Sêneca recorda que o poeta Publílio Siro, disse: “Aquilo que pode ferir um pode ferir todos os outros” e roga: “Persuade-te, pois, de que toda situação está sujeita a mudanças e de que tudo o que cai sobre os outros pode igualmente cair sobre tu. ”

Geralmente – e em vão –, nos revoltamos: “Eu não imaginava que isto me aconteceria! ”. E porque não? Onde está, pois, a riqueza, que a miséria não pode alcançar? Onde está a magistratura, cuja pretexta, o bastão augural e o calçado nobre não são acompanhados de acusações humilhantes, da crítica do censor, de mil infâmias e do desprezo da multidão? Onde está a onipotência, que não é ameaçada pela destruição? No espaço de uma hora passa-se do trono aos pés do vencedor, afirma com lucidez.

Também evitemos desperdiçar nosso esforço de maneira inútil: imaginar ambições irrealizáveis OU nos esforçarmos sem proveito.

Sêneca pondera sobre as pessoas que vagam ao acaso, inúteis, que fazem lembrar as idas e vindas das formigas, ou seja, para nada. Quantas pessoas levam uma existência semelhante, que se chamaria muito justamente preguiça agitada, pergunta ele.


E, impossível não associar ao nosso comportamento atual na web: “Por que saudar qualquer personagem, que sequer responde ao cumprimento (...) e encerrar o dia moídos por uma fadiga inútil (...) e, no dia seguinte recomeçar a mesma série de marchas [acessos] desordenadas? ”

Propõe que todo esforço tenha um alvo preciso e seja apropriado para um resultado: “Inquietos, os desocupados buscam quimeras, se iludem com as aparências, porque seu espírito alucinado não lhes permite distinguir a realidade. ”

O filósofo nos alerta que a esta doença se prende um vício horrível: este, de se informar de tudo, de estar à espreita de todas as novidades, tanto secretas como públicas, carregando um balaio de idiotices na cachola.

Recorda Demócrito dizendo que quem quiser viver com a alma tranquila não deve ter muitas ocupações inúteis, nem de ordem pública nem particular: “Quando nenhum dever imperioso nos ordena, devemos saber reprimir nossa atividade. ” Não sejamos escravos demais, diz Sêneca, das resoluções que tomamos e não temamos mudar.

Excessos são sempre funestos à tranquilidade da alma. Para quem julga as coisas de um ponto de vista mais superior, uma alma mostra-se mais forte abandonando-se ao riso do que cedendo às lágrimas.

O hábito de se sujeitar à opinião de outrem é um mal. Pessoalmente, considero escravizante. Um outro gênero de inquietude nasce do cuidado que o homem emprega em fingir: é o caso de muitas pessoas, cuja vida só é hipocrisia e comédia.

Que tormento, esta permanente vigilância sobre si mesmo! Que segurança pode oferecer uma existência inteira passada sob uma máscara, indaga o sábio.

Do contrário, agindo com autenticidade, que encanto, na espontânea simplicidade de um caráter, que desconhece os ornamentos artificiais e que despreza disfarçar-se! Todavia, alerta, não excedamos à medida: pois, há muita diferença entre a sinceridade e a falta de modéstia.

É preciso frequentemente recolhermo-nos em nós mesmos: pois a relação com pessoas diferentes demais de nós perturba nosso equilíbrio, irrita, desperta nossas paixões.

Alternemos a solidão e o mundo: “A solidão nos fará desejar a sociedade e esta [a ebulição da vida social] nos reconduzirá novamente a nós mesmos; elas serão antídotas, uma à outra: a solidão, curando nosso horror à multidão, e a multidão, curando nossa aversão à solidão. ”

Nem mesmo é bom ter sempre o espírito igualmente ocupado, é preciso saber distraí-lo com divertimentos: brincar, beber, dançar, prosear descompromissadamente, por exemplo.

É preciso saber recrear o espírito: “Ele se mostrará, depois de um repouso, mais resoluto e mais vivo. (...) um instante de repouso e de distração lhe devolverá sua energia. Aliás, os homens não se inclinariam tanto aos divertimentos e aos jogos, se o prazer que sentem não satisfizesse a um desejo. ”

É preciso, portanto, governar nosso espírito e conceder-lhe de tempos em tempos um descanso. É preciso ir passear em pleno campo, a céu aberto, ar puro, atmosferas que avivam a inteligência; uma viagem, uma mudança de horizontes, assim como uma boa refeição com um pouco mais de bebida darão novo vigor, orienta-nos Sêneca.

E, concluindo seus sábios conselhos ao amigo Aneu Sereno, finaliza sua carta dizendo: “Eis, mui querido Sereno, os meios de conservar a tranquilidade da alma e de não sucumbir à pérfida insinuação dos vícios. ”

Cultivemos a mais ativa e a mais zelosa vigilância sobre nossa alma, sempre pronta a se deixar desviar, roga o romano que, embora nascido no ano quatro antes de Cristo, é atualíssimo, pois Sabedoria jamais é obsoleta.

Luciene Felix Lamy
Profª de Filosofia e Mitologia Greco-romana
Instagram: lufelixlamy
WhatsApp: (13)98137-5711



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1 de out. de 2018

Sêneca - Da tranquilidade da Alma (Parte I)

"É preciso privar-se da agitação desregrada, à qual se entrega a maioria dos homens e da mania de se intrometer nos negócios dos outros. " Sêneca

Lucius Annaeus Sêneca (4 a.C. – 65 d.C), filósofo, advogado, escritor e orador romano, dentre suas obras, legou um tratado moral onde versa sobre como obter maior qualidade de vida empregando melhor nosso bem mais precioso: o tempo.
Aneu Sereno, amigo de Sêneca, confidencia-lhe uma angústia que, embora nem considere assim, tão grave, tem sido perturbadora, tornando-o  nem doente nem são.
Ele teme que o hábito – que fortalece todas as coisas – consolide essa sua fraqueza indizível, pois tanto no mal quanto no bem, um contato prolongado nos faz tomar gosto.
Indicará o que sente, e pede que Sêneca nomeie sua doença. Diz amar a simplicidade e contentar-se com o suficiente: nas roupas, na alimentação e na casa, pois sabe que um projeto jeitoso torna habitável o menor canto.
No entanto, vacila, se deixando fascinar secretamente pelo glamour e o luxo: "(...) me ponho a duvidar sobre se todas aquelas suntuosidades não valem que as prefiramos. ".  É sábio, diz ele, não ignorar nossas imperfeições.
Sereno confessa que futilidades e bagatelas têm lhe tomado tempo e que, embora advertido de que não se deve ter em vista senão as ideias e não se deve falar a não ser para exprimi-las, torna a encontrar sempre em si mesmo esta fraqueza.
Por fim, explicita seu anseio: "que minha alma não se ocupe de nada que a distraia, de nada que a submeta ao julgamento de outrem. " E roga à Sêneca um remédio capaz de deter essa inconstância de alma que o agita.
O filósofo estoico diz ao amigo que ele aspira à ausência de inquietação, o equilíbrio da alma ("euthymia"), a tranquilidade. ". Então se propõe a indicar como é possível à alma uma conduta tranquila e firme, sem se exaltar, nem se deprimir.
 
Ponhamos desde logo o mal em evidência, em toda a sua diversidade: "Sofrerão mais aqueles que, ornando com um nome pomposo a miséria que os consome, teimam no papel que escolheram, menos por convicção que por questão de honra".
Há quem "depois de ter modificado cem vezes o plano de sua existência, acabam por ficar na posição onde os surpreende a velhice, cuja indolência rejeita as inovações. Ajunta ainda, aqueles que por preguiça, não mudam nunca, e os que vivem – não como desejam –, mas como sempre viveram".
Tudo isso conduz ao descontentamento de si mesmo, por não se atreverem a tanto quanto desejam ou que tentam, em vão, realizar. ". E ei-los presos! Não são capazes nem de mandar nem de obedecer às suas paixões; entregam-se à aflição.
E a angustia se agrava quando nos refugiamos no ócio, pois, uma alma apaixonada pela vida é ditada de uma necessidade natural de movimento. Atraídos pelas distrações – e há vício desde que haja excesso! –, é com amargura que nos vemos abandonados a nós mesmos.
Daí este aborrecimento, este melancólico desgosto de si, este redemoinho de uma alma que não se fixa em nada, esta sombria impaciência que nos causa nossa própria inércia, encerrada numa prisão, sem saída. Daí esta disposição para amaldiçoar seu próprio repouso, para lamentar-se por não ter nada a fazer e para invejar furiosamente todos os sucessos dos outros (pois nada alimenta tanto a inveja como a desgraçada preguiça).
Depois deste despeito pelas posses dos outros e deste desespero de não ser bem-sucedido, desanimado, começa o homem a se irritar contra a sorte, a se queixar do século, a se recolher cada vez mais em seu canto.
O mal do qual sofremos vem de nós mesmos: trabalho, prazer, tudo nos parece uma carga.  Contra esta melancolia, é salutar obrigar-se à atividade.
Para nós, afirma Sêneca, que preparamos nossas almas para as lutas da vida, o mais belo emprego que podemos fazer do nosso tempo é consagrá-lo à plena ação, sermos úteis à sociedade, sobretudo pela inteligência: "(...) exortar a juventude e, num tempo tão pobre de mestres de moral, inspirar aos corações a virtude, empolgar, deter os extraviados que se lançam à ganância e ao vício, trabalhar pelo bem público. "
Estudar também é fundamental: "Se consagras ao estudo um tempo que roubas à vida social, tu não podes ser acusado nem de abandonar nem de faltar ao teu dever. (...) não mais serás uma carga para ti mesmo, nem inútil aos outros. Farás inúmeros amigos e todo homem de bem virá espontaneamente ao teu encontro, pois ninguém ignora a virtude. "
Que na convivência sejamos companheiro honesto, amigo fiel, conviva moderado. Entremos em contato com o mundo inteiro e professemos que nossa pátria é o universo, a fim de oferecer à virtude o mais amplo campo de ação, roga o sábio.
Mesmo numa República oprimida o honesto encontra ocasião para mostrar quem ele é: "Se pertencemos a um tempo no qual a vida política é difícil de ser praticada, tornemos mais ampla a parte do ócio e do estudo (...). A melhor regra é combinar o repouso com a ação. "
Devemos considerar primeiramente a nós mesmos, depois as tarefas que queremos empreender, depois os homens para os quais ou com os quais teremos de trabalhar.
Exageramos nossas capacidades, diz Sêneca: "Um cairá por ter presumido demais de sua eloquência; outro quer tirar de seu patrimônio mais do que este pode render; um terceiro esgota seu corpo débil em labores extenuantes. Alguns têm uma timidez incompatível com a vida de negócios, que exige uma fronte intrépida; outros não sabem dominar sua cólera ou deixam-se levar contra sua vontade a prazeres perigosos: para todos estes, o repouso é preferível à atividade. "
Examinemos se nossas disposições naturais nos tornam mais aptos à ação OU aos trabalhos sedentários, pois forçar a natureza é sempre inútil e um fardo desproporcional esmaga quem o carrega.
Deve-se escolher com cuidado as pessoas com as quais convivemos, ver se merecem que lhes consagremos parte de nossa existência.
Nada agrada tanto à alma como uma boa amizade. Que felicidade a de encontrar corações aos quais se possa confiar; companheiros que acalmam nossas inquietações, cujos conselhos guiam nossas decisões, cuja alegria dissipa nossa tristeza. Evitemos os que não deixam escapar nenhuma ocasião para se lamentar.
 
Comparando-se todos os nossos outros sofrimentos e preocupações, os males que nascem do dinheiro, serão principal fonte das misérias dos homens. O dinheiro se apega tão intimamente à alma, que não se pode arrancá-lo sem dor. Se vê um ar mais alegre nas pessoas que a fortuna jamais visitou do que naquelas que ela traiu.
Se tomarmos previamente o gosto pela economia, a pobreza mesma, secundada por discernimento e gostos simples, pode-se transformar em riqueza. Habituemo-nos a fazer uso da utilidade dos objetos e não de sua sedução exterior. Aprendamos a esperar a riqueza mais de nós mesmos que da sorte.
É impossível ao homem preservar-se suficientemente contra todos os caprichos e todas as injustiças do destino. Abstenhamos de espectadores. Compremos o que temos necessidade, não para ostentação, atenta Sêneca.
Prosseguiremos com ele, amigos, pois embora esse seu Tratado date de quase dois mil anos, como todo clássico, é atualíssimo e vale a pena conferir.
 
Luciene Felix Lamy 
Profª de Filosofia e Mitologia Greco-romana
Instagram: lufelixlamy - WhatsApp: (13)98137-5711

16 de ago. de 2018

Luciene Felix Lamy - Società Italiana di Santos


A Società Italiana di Santos promove, no mês de setembro, um curso sobre o RENASCIMENTO, a cargo de Luciene Felix Lamy, professora de Filosofia e Mitologia Greco-romana. 

Uma excelente oportunidade para os amantes da arte italiana aprofundarem seus conhecimentos na área. 

O curso será dividido em quatro aulas (dias 5, 12, 19 e 26/09), a partir das 19h30, e custa 100 reais para sócios e 120 para não-sócios, já incluído o material didático. 

Informações e inscrições na secretaria. Telefone: 3222-9585 (segunda a sexta das 14 às 22 horas e aos sábados das 9 às 13 horas).

1 de ago. de 2018

Magnificência – a virtude de saber-se digno de honra

“(...) olhar menos à verdade do que à opinião dos outros, é próprio de um covarde. ” Aristóteles

Segundo Aristóteles, megalopsykhia (a magnanimidade, o apreço, o alto apreço) é a postura correta em relação ao maior dos bens exteriores, a saber, a honra.
Franco e verdadeiro, levando os outros em consideração, magnânimo é quem age de acordo com a areté (excelência).
Versemos sobre essa disposição de caráter que, quando em faltarevela indevida humildade, quando em excessodemonstra vaidade.
Sendo a honra, a finalidade comum de todas as virtudes, indubitavelmente honroso, o magnificente inspira o que tantos desejam, a saber, admiração.
Comumente, deter poder e riqueza confere distinção, e é na explicitação (no uso e emprego) disso que vários intentam angariar admiração. Muitos honram quem possui poder e riqueza, mas só merece ser honrado o ser humano bom, pois dispor desses atributos sem ser virtuoso não têm por que alimentar a pretensão de fazer jus ao epíteto de “magnânimo”, o que implica numa virtude perfeita.
Quanto às posses, as atitudes em relação aos gastos têm sido reveladoras dos princípios e dos valores que permeiam a vida dos indivíduos.
Extravagantes, os vaidosos se exibem, não por terem em vista a honra, mas por pensar que ao ostentar riquezas serão admirados. Ponderemos o quão longe estão da genuína magnanimidade.
Espíritos que têm a si mesmo em altíssimo apreço não ambicionam as coisas vulgarmente acatadas, pois, dotados de um caráter que basta a si mesmo, a pessoa verdadeiramente magnânima se arroga o que corresponde aos seus méritos, ao que não pode ser comprado, que sequer tem preço, mas elevado valor.
Altivo, possuidor de bom e nobre caráter, seria indecoroso para um indivíduo magnânimo fugir ao perigo, praticar atos vergonhosos, incorrer em injustiça.
É sobretudo por honras e desonras que o magnânimo se interessa, e as honras que forem grandes e conferidas por homens bons, ele as receberá com moderado prazer, mas as honras que procedem de pessoas quaisquer e por motivos insignificantes, ele as desprezará, visto não ser isso o que merece.
Quem aspira à magnanimidade irá se conduzir com moderação no que diz respeito ao poder, à riqueza e a toda boa ou má fortuna que lhe advenha, e não exultará excessivamente com a boa fortuna nem se abaterá com a má sorte.
O homem magnânimo despreza respaldado em julgamento justo, mas os ordinários o fazem sem que haja motivo sério.
É magnânimo saber que há condições em que não vale a pena viver. É também característico de quem faz jus à magnanimidade não pedir nada ou quase nada, mas prestar auxílio de muito bom grado. E adotar uma atitude digna em face das pessoas que desfrutam de alta posição e são favorecidas pela boa fortuna.
É coisa difícil e grande marca de altivez mostrar-se superior aos de classe elevada, embora seja fácil com os de classe mediana.
Sem dúvida, uma conduta altiva ao se relacionar com pessoas superiores em poder e riqueza não é sinal de má educação, mas altivez diante dos humildes é vulgar, afirma o Estagirita.
À magnanimidade convém sermos francos em nossos ódios e amores, falarmos e agirmos abertamente: “(...) ocultar os seus sentimentos, isto é, olhar menos à verdade do que à opinião dos outros, é próprio de um covarde. ”. A franqueza do magnânimo provém de certo desdém por miudezas.
Por não ser escravo de ninguém, é incapaz de fazer com que sua vida gire em torno de outro (coisa de aduladores, que sequer respeitam a si próprios) e não guarda rancor por ofensas que lhe façam, prefere relevá-las.
É avesso a maledicências e conversas fúteis, pois não fala sobre si mesmo nem sobre os outros e tampouco fica alardeando seus feitos. Também não sucumbe aos elogios que lhe fazem. A tranquilidade paira sobre as atitudes, a fala e o modo de portar-se de uma pessoa verdadeiramente magnânima, pois quem costuma levar poucas coisas a sério em nada se apressa.
Como afirmamos no início, quem está aquém da magnanimidade é indevidamente humilde, e quem o ultrapassa é vaidoso. Ponderemos sobre esses extremos.
As pessoas vaidosas aventuram-se a honrosos empreendimentos que não tardam a denunciá-las pelo que são. Adornam-se com belas roupas, ares afetados e coisas que tais, desejam que suas boas fortunas se tornem públicas, tomando-as para assunto de conversa, como se desejassem ser honrados por causa delas.
É vaidoso aquele que se julga digno de grandes coisas sem possuir qualidades para tanto. Desdenhosos e insolentes, sem virtude não é fácil carregar com elegância os bens da fortuna, pondera o filósofo.
Vaidosas, exibidas, essas pessoas costumam se julgar superiores aos demais, desprezando-os, proceder como virtuosos está fora de seu alcance, embora imitem o homem magnânimo, excedem em relação aos méritos próprios.
Em contrapartida, é indevidamente humilde, diz Aristóteles, o homem que se julga menos merecedor do que realmente é. Se comparado às pretensões do magnânimo, a pessoa indevidamente humilde revela-se deficiente em confronto com os seus méritos próprios.
O que é digno de coisas boas e ainda assim, indevidamente humilde, está roubando de si mesmo daquilo que merece, e parece ter algo de censurável porque – excessivamente modesto –  não se julga digno de boas coisas e também parece não se conhecer, do contrário desejaria as coisas que merece.
Ambas disposições de caráter são típicas de tolos, no entanto, são vícios que, ainda que equivocados e um tanto indecorosos, não desonram ninguém, até porque nem são nocivas aos demais. Contudo, a humildade indébita se opõe ainda mais à magnanimidade do que a vaidade, tanto por ser mais comum como por ser ainda pior: “Quem se considera indigno de nobreza e riqueza irá se abster de ações e empreendimentos nobres.”.
Mas a pessoa verdadeiramente magnânima, visto merecer mais do que os outros, deve ser boa no mais alto grau, pois o melhor sempre merece mais, e o melhor de todos é o que mais merece, conclui o filósofo.

Referência Bibliográfica: A Ética a Nicômaco - Aristóteles
Luciene Felix Lamy
Profª de Filosofia e Mitologia Greco-romana
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1 de jun. de 2018

Sobre ALMAS GÊMEAS...

"Não se trata somente de união sexual, mas de 'uma coisa' que a alma de um quer da alma do outro". Platão

Indômita potência, inspirador de virtudes, a divindade mais antiga, eterno, universal, pois presente em todo cosmos, belo e jovem, o amor é a busca pela unidade e também um tipo de delírio.
Especialmente neste mês dos namorados, insisto no poder que o amor possui. Segundo Platão, o amor é fruto de Póros e Penia (abundância e falta). Tendo isso em mente é compreensível o afã de encontrar uma alma que nos complete.
Eis o sonho de todos aqueles nos quais um coração pulsa, bombeando sangue até o último suspiro. De onde vem essa ideia (ou sensação, se preferir) de incompletude? Como a mitologia grega explica a existência de almas gêmeas? É algo somente casais heterossexuais?
Um dos mitos gregos que ilustra bem a condição da busca pela alma gêmea é o proferido pelo comediógrafo Aristófanes, no início da obra "O Banquete" (sobre o Amor), de Platão.
No famoso mito dos andróginos, os seres humanos, inicialmente, eram de três tipos: homemmulher e andróginos. E também eram duplicados (dois em um só) e unidos pelo umbigo. Tínhamos então, dois homens "colados"; duas mulheres também unidas e, por fim, o terceiro tipo, os andróginos, juntos e de sexo opostos.
Reza o mito que Zeus, o soberano do Olimpo, observa-os e constata que são muito presunçosos, autossuficientes, felizes. Foi então que, preocupado e temendo que resolvessem escalar os céus e investir contra os deuses, decide enfraquecê-los dividindo-os ao meio para que, na busca desesperada por sua "outra metade" esqueçam do poder que possuem.
Eventualmente, quando qualquer um desses três tipos encontrava sua outra metade ficava tão embasbacada e feliz que não faziam mais nada a não ser pensar no ardor de se fundirem novamente: enlaçavam-se com seus pares e não se desgrudavam.
Ficavam inertes, pois nada queriam fazer longe um do outro. Resultado: ao menos um, morria de inanição. E o que sobrevivia, tornava a buscar novamente uma outra "metade".
Foi então que Zeus, o ordenador do Cosmos, tomado de compaixão, temendo que se dizimassem, mudou-lhes o sexo para a frente, para que pudessem gerar novos seres.
Segundo esse mito, o amor entre almas gêmeas ocorre quando se encontra no outro uma parte que seja igual, idêntica àquilo que já se possui em si mesmo.
Predileções sexuais à parte, o amor entre os iguais (homói) é de uma ordem de ideias, de interesses comuns, e o grego hierarquizava o amor, colocando o amor espiritual acima do amor físico, sensual, carnal, por isso o amor platônico (ideal) é, nesse sentido, perfeito.
Não há como afirmar a existência de uma única alma gêmea. Polítropos, seres humanos são multifacetados e, ao antropomorfizarem os deuses, ou seja, dar-lhes características humanas, não fizeram mais do que retratar a si mesmos, em seus múltiplos anseios.
Os encontros e desencontros fazem parte do que se denomina "aspectos das divindades". E como são diversos esses aspectos!
Há a divindade do erotismo, presidido pela deusa Afrodite e seu filho Eros (Vênus e Cupido), a divindade do matrimônio, deusa Hera (Juno), a presidir os amores legítimos, a divindade da desordem, do caos, do bacanal, da orgia, que é encabeçado por Dioniso (Bacco), o deus do vinho e do êxtase, e muitos outros.
Todos eles fazem parte de nossa psyché (Alma) e, certamente, existem almas que, num determinado momento de nossas vidas, estarão sendo "mais gêmeas" com a nossa alma que qualquer outra.
E, uma das coisas que nossa alma gêmea tem a nos ensinar, certamente é sobre nós mesmos: "Semelhante atrai semelhante", afirma o inglês estudioso de magia do século XVII, Sir James Frazer em "O Ramo de Ouro".
Essa "alma gêmea" nos faz falta porque Eros, que personifica o poder de união, que é a maior dýnamis, potência do universo é dos deuses mais antigos e a tendência (do grego, pathós) do ser humano é se unir a outro alguém.
Obviamente, quando essa tendência se dirige a uma pessoa de forma muito insistente, ela se torna uma patologia, ou seja, uma doença. E doença do coração, da alma, só se cura com a lucidez da razão.
Sem dúvida, a primeira condição para que encontremos "alma gêmea" é que estejamos realmente ansiosos e dispostos a isso. Para exemplificar como essa sintonia e reencontro de almas pode acontecer, recorramos ao grande poeta Hesíodo (600a.C), que em sua obra "Teogonia" esclarece que Zeus é kydistos, pois possui o "Kydós".
A palavra grega Kydós (variação de Niké, que é vitória) é uma derivante de Kleós (glória) é, portanto, um dos atributos de Zeus. Num combate entre dois guerreiros, àquele no qual Zeus encontraste o kydós (a marca da vitória) era destinado vencer, ou seja, o vencedor já até sabia que sairia vitorioso da batalha porque trazia a vitória dentro de si.
Do mesmo modo, estamos na vida como entidades livres, leves e soltas. A partir do momento em que acalentamos o interesse amoroso, o desejo de união em nós, certamente isso será captado e apreendido por alguém que também esteja se sentindo desejoso de amor. Eis o segredo! Ou melhor, não há segredo.
Convém esclarecer ainda que, embora esteja assentado para o senso comum que o amor platônico é o amor ideal e perfeito, ele é também irrealizável. Ao menos por um tempo muito longo: o amor platônico se dá no campo mental, na idealização do ser amado. Acontece que tudo isso é muito lindo e maravilhoso no campo das ideias mesmo.
No entanto, a realidade é que vivemos aqui na terra, sujeitos às mudanças, aos humores e à corrupção de Chronos (Saturno, o deus do Tempo). Somos perecíveis, enrugamos, envelhecemos, a perfeição se esvai com o tempo.
Mas isso não significa, obrigatoriamente, o fim do amor. Daí a necessidade de se ter maturidade para manter constância em cultivar o amor, não somente do corpo, mas sobretudo da Alma. E vale a pena. Até porque, na condição de mortais, como afirma Platão, será a ação (do Amor) o que garantirá alcançarmos a imortalidade que nos é possível.

Com estima e consideração para o querido amigo Anthony Majanlahti.

Luciene Felix Lamy
Professora de Filosofia e Mitologia Greco-romana
WhatsApp (13) 98137-5711

18 de mar. de 2018

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Confira matéria jornalística por Vera Leon, AQUI.


Sobre a Princesa de Nettuno, Camilla Borghese AQUI.




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1 de mar. de 2018

Além da felicidade possível



"O indivíduo não realiza o sentido da sua vida se não conseguir colocar o seu "eu" a serviço de uma ordem espiritual e sobre-humana." Carl Gustav Jung

Sócrates dizia que uma vida não examinada não merecia ser vivida. Por mais que protelemos, ao ultrapassarmos mais da metade do tempo de existência, convém fazermos um balanço da vida que optamos por levar. Sim, a vida que optamos, pois, coautores, não devemos chamar de “destino” as consequências de nossas próprias escolhas.

Dito isso, de que valeria embrenhar-se pela sabedoria dos antigos se esse empenho não resplandecesse na vida? 

De que adiantaria vencer a inércia, a apatia, às vezes até a covardia, lutar contra os vícios, perseguindo, dia após dia, as vantagens de se cultivar as virtudes se, ao avaliar nossos passos, não nos sentíssemos satisfeitos com o resultado de nossas ações?



Neste mês de março, além de comemorar 21 anos de sobrevida (em 14/03/1997, numa tentativa de assalto, fui baleada nas costas), festejo também duas décadas de um afortunado matrimônio que rendeu dois preciosos frutos, hoje adolescentes. Estou, enfim, satisfeita com o que tenho me tornado.

Num exercício de imaginação, findada essa breve passagem, de volta ao pó, se me fosse dada a oportunidade de alertar sobre algo realmente significativo eu diria: temos prazo de validade!

A advertência acima faz jus ao negrito, pois – mortais – não dispomos de todo o tempo do mundo para realizar nossos sonhos, a saber, ser e fazer feliz.

Embora a felicidade seja em si objeto da filosofia, não há necessidade de insistirmos o quanto responder ao que é felicidade é pessoal e intransferível. No entanto, além das necessidades básicas que precisam estar asseguradas para uma existência digna, há angústias inerentes – “humano, demasiado humano”, às quais urge transcender.

A vida é árdua, difícil e sujeita às vicissitudes, tem seus imprevistos e, por mais coerentes e dotados de bom senso que possamos ser, é a heraclitiana impermanência, a instabilidade que dá o tom.

Sem dúvida, prover nosso sustento e os daqueles que gerarmos e estão sob nossa responsabilidade já nos ocupa e responde por grande parte de nossas preocupações. Mas, eis que não é somente a esse tipo de incumbência que nos atemos e, um dia, nos flagramos pensando no que mais daria sentido à nossa vida: “A única forma de medir o significado da nossa vida é valorizando a vida dos outros”, afirmou o psicanalista francês Jacques Lacan.

E, em sua obra “A Teoria dos Sentimentos Morais”, Adam Smith afirma que: "Independente de quão egoísta possa ser o homem, há evidentemente um princípio natural que o faz interessar-se pela sorte dos outros e considerar sua felicidade necessária para si, mesmo que nada obtenha dela além do prazer de vê-la".

Se, quando jovens, nossos objetivos estão prévia e relativamente delineados, à medida em que o tempo passa e vamos envelhecendo, nossos anseios já não são assim, tão óbvios, tão claros.

Tendo cumprido, realizado satisfatoriamente boa parte dos nossos propósitos, insinua-se um sorrateiro gotejar de angústia que, à revelia, instala um aplicativo que suscita uma inefável falta de entusiasmo, um discreto sentimento de vazio e, junto ao marasmo, vem certa apatia e carência de sentido.

Contando com cinquenta e dois anos, vinte de casamento, doze de Carta Forense, há seis meses vivencio uma experiência filantrópica nobilitante que alçou minha existência a um patamar mais elevado de satisfação e de felicidade.

Para além do núcleo familiar e de amigos próximos, há toda uma sociedade da qual participamos. Findada nossa principal missão, a saber, a de nos formarmos, aprimorarmos nossa técnica, cultivarmos boas relações afetivas, gerarmos e criarmos filhos, o mundo clama por uma ação efetiva de nossa parte.

A solidariedade, a filantropia oferece uma saída a todos aqueles que sentem que já terminaram uma etapa, mas que isso não preenche tudo, não é tudo. Ralph Waldo Emerson está correto quando diz que: "Uma das mais belas compensações da vida é que nenhum ser humano pode ajudar o outro sem que esteja ajudando a si mesmo.".

Asilos, creches, prisões e hospitais são exemplos de lugares que descortinam realidades onde a carência que as permeiam, preenchem os anseios de nosso espírito.

Encontramos ainda mais sentido para nossa vida à medida em que contribuímos para a melhoria do bem-estar dos desfavorecidos, dos desassistidos.

De "ta onta" a "ta pragmata", tive a sorte de conhecer, através do Facebook (viva a Era de Aquário!), uma família carente de Guaianases que conferiu ainda mais sentido à minha existência e tem sido razão de grande felicidade. 


Trata-se de um rapazinho portador de necessidades especiais, Jamesson, cujo trabalho encontra-se disponível aqui mesmo, em nosso blog, sob o título “Como ajudar a nós mesmos” (confira AQUI).

Penso que a afirmação, do senso comum, de que "a caridade deve ser anônima, do contrário é vaidade" encerra um perverso estigma que eclipsa a propagação da bondade, do Bem, da LUZ. Portanto, ajude, ampare, propague, compartilhe, contagie. Até porque a “compaixão é [mesmo] a parte mais bela da sabedoria”.


Obs.: Eis os dados bancários da mãe do Jamesson, d. IVANILDA MEDEIROS - Banco Itaú - 
Ag. 7471 - c/c. 06.353-2 CPF 298.272.644/00

E, se você realizar ou tiver realizado alguma ação de cunho filantrópico que queira relatar, sinta-se à vontade para compartilhar conosco na área de comentários abaixo. Muitíssimo grata!


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Eis que a Sabedoria reina, mas não governa, por isso, quem pensa (no todo) precisa voltar para a caverna, alertar aos amigos. Nós vamos achar que estais louco, mas sabes que cegos estamos nós, prisioneiros acorrentados à escuridão da caverna.

Abordo "O mito da caverna", de Platão - Livro VII da República.

Eis o télos (do grego: propósito, objetivo) da Filosofia e do filósofo. Agir na cidade. Ação política. Phrônesis na Pólis.

Curso de Mitologia Grega

Curso de Mitologia Grega
As exposições mitológicas explicitam arquétipos (do grego, arché + typein = princípio que serve de modelo) atemporais e universais.

Desse modo, ao antropomorficizarem os deuses, ou seja, dar-lhes características genuinamente humanas, os antigos revelaram os princípios (arché) de sentimentos e conflitos que são inerentes a todo e qualquer mortal.

A necessidade da ordem (kósmos), da harmonia, da temperança (sophrosyne) em contraponto ao caos, à desmedida (hýbris) ou, numa linguagem nietzschiana, o apolíneo versus o dionisíaco, constitui a base de toda antiga pedagogia (Paidéia) tão cara à aristocracia grega (arístois, os melhores, os bem-nascidos posto que "educados").

Com os exponenciais poetas (aedos) Homero (Ilíada e Odisséia), Hesíodo (A Teogonia e O trabalho e os dias), além dos pioneiros tragediógrafos Sófocles e Ésquilo, dispomos de relatos que versam sobre a justiça, o amor, o trabalho, a vaidade, o ódio e a vingança, por exemplo.

O simples fato de conhecermos e atentarmos para as potências (dýnamis) envolvidas na fomentação desses sentimentos, torna-nos mais aptos a deliberar e poder tomar a decisão mais sensata (virtude da prudencia aristotélica) a fim de conduzir nossas vidas, tanto em nossos relacionamentos pessoais como indivíduos, quanto profissionais e sociais, coletivos.

AGIMOS COM MUITO MAIS PRUDÊNCIA E SABEDORIA.

E era justamente isso que os sábios buscavam ensinar, a harmonia para que os seres humanos pudessem se orientar em suas escolhas no mundo, visando atingir a ordem presente nos ideais platônicos de Beleza, Bondade e Justiça.

Estou certa de que a disseminação de conhecimentos tão construtivos contribuirá para a felicidade (eudaimonia) dos amigos, leitores e ouvintes.

Não há dúvida quanto a responsabilidade do Estado, das empresas, de seus dirigentes, bem como da mídia e de cada um de nós, no papel educativo de nosso semelhante.

Ao investir em educação, aprimoramos nossa cultura, contribuimos significativamente para que nossa sociedade se torne mais justa, bondosa e bela. Numa palavra: MAIS HUMANA.

Bem-vindos ao Olimpo amigos!

Escolha: Senhor ou Escravo das Vontades.

A Justiça na Grécia Antiga

A Justiça na Grécia Antiga

Transição do matriarcado para o patriarcado

A Justiça nos primórdios do pensamento ocidental - Grécia Antiga (Arcaica, Clássica e Helenística).

Nessa imagem de Bouguereau, Orestes (Membro da amaldiçoada Família dos Atridas: Tântalo, Pélops, Agamêmnon, Menelau, Clitemnestra, Ifigênia, Helena etc) é perseguido pelas Erínias: Vingança que nasce do sangue dos órgãos genitais de Ouranós (Céu) ceifado por Chronos (o Tempo) a pedido de Gaia (a Terra).

O crime de matricídio será julgado no Areópago de Ares, presidido pela deusa da Sabedoria e Justiça, Palas Athena. Saiba mais sobre o famoso "voto de Minerva": Transição do Matriarcado para o Patriarcado. Acesse clicando AQUI.

Versa sobre as origens de Thêmis (A Justiça Divina), Diké (A Justiça dos Homens), Zeus (Ordenador do Cosmos), Métis (Deusa da presciência), Palas Athena (Deusa da Sabedoria e Justiça), Niké (Vitória), Erínias (Vingança), Éris (Discórdia) e outras divindades ligadas a JUSTIÇA.

A ARETÉ (excelência) do Homem

se completa como Zoologikon e Zoopolitikon: desenvolver pensamento e capacidade de viver em conjunto. (Aristóteles)

Busque sempre a excelência!

Busque sempre a excelência!

TER, vale + que o SER, humano?

As coisas não possuem valor em si; somos nós que, através do nôus, valoramos.

Nôus: poder de intelecção que está na Alma, segundo Platão, após a diânóia, é a instância que se instaura da deliberação e, conforme valores, escolhe. É o reduto da liberdade humana onde um outro "logistikón" se manifesta. O Amor, Eros, esse "daimon mediatore", entre o Divino (Imortal) e o Humano (Mortal) pode e faz a diferença.

Ser "sem nôus", ser "sem amor" (bom daimon) é ser "sem noção".

A Sábia Mestre: Rachel Gazolla

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O Sábio Mestre: Antonio Medina Rodrigues (1940-2013)

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