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1 de mar. de 2010

Os Sete Pecados Capitais


The Seven Deadly Sins - Obra do holandês Hieronymus Bosch (1450-1516)

O que são esses "pecados", por que "capitais", qual é sua hierarquia, o nome de seus demônios e o mais relevante: como vencê-los?


Combater o mal – nossos erros, nossos vícios, a hýbris (desmedida) grega – é tarefa que não tem fim. É decisão moral que exige a constância digna de um Sísifo, que no mito, dia após dia, por toda eternidade, arduamente empurra uma grande pedra morro acima e, assim que atinge o cume, a maldita volta a rolar abaixo.

E se o tinhoso não se revela devidamente paramentado (nem mesmo na alta Idade Média confirmou-se a presença material, física, concreta, enfim, real do demônio), tal qual nos legou a fantástica imaginação de Dante Alighieri (1265-1321) em sua obra “A Divina Comédia”, lidamos com um símbolo do mal que, embora não possa ser apreendido em conceitos puros, deixa funestos rastros a perpassar toda realidade que nos circunda.

Uma vez que o mal não se apresenta à luz senão como ameaçadora sombra a obscurecer a psyche (alma) humana, arrebatando-nos às profundezas do desespero, perscrutemos suas maiores pegadas a fim de compreender seu modus operandi e refletir sobre qual o reto convívio. Quando tentados, precisamos lidar com o que tenta limitar nossa liberdade, se apossando de nossa vontade.

O filósofo medieval Tomás de Aquino (Aquino é o nome do castelo onde nasceu, no reino de Nápoles) viveu entre 1224/5 a 1274 d.C. Observador atento e sagaz, retomou os estudos de alguns mestres (Atanásio, Antão, Cassiano e Gregório Magno – que em 590 d.C. reexamina a lista de 375 a.C., legada pelo célebre monge Evágrio Pôntico), antigos sábios que antes dele também se aventuraram a fazer – como nos diz o especialista Jean Lauand – uma “tomografia da alma humana” a fim de descrever a ação fenomenológica dos “maus daimons” em nós.

Esses antigos estudos sobre os maus demônios (demonologia) não se limitaram a aspectos dogmático-religiosos; são construções éticas que tiveram impacto na história, na sociedade e na psicologia. Acalentam um propósito bem claro: “para conhecer o mal é necessário voltar-se para os modos concretos em que ele ocorre”, afirmou o empirista Tomás, citando o sábio (pseudo-) Dionísio.

Assim, voltando-se para a realidade mundana, para o dia a dia das pessoas, ele compilou os principais maus hábitos que exercem uma influência espiritual invisível e, se desatentamente permitidos e inadvertidamente cultivados, culminarão naqueles que até hoje conhecemos como sendo os principais erros, os vícios de caput: Os Sete Pecados Capitais.

O vício, alerta Lauand “compromete muitos aspectos da conduta; é uma restrição à autêntica liberdade e um condicionamento para agir mal”. De outro modo, o psicanalista C. G. Jung diz: “Na raiz de um complexo encontra-se um conteúdo com ênfase no sentimento, e cuja menção desperta em nós emoções violentas, mas que nós reprimimos da nossa consciência. Um complexo leva-nos a ‘um estado de falta de liberdade, a pensarmos e a agirmos compulsivamente’”. É quando essas inconscientes partes da psyche sob tensão alcançam o domínio do eu (ego), que, não somente temos o demônio, mas mais ainda: é o demônio quem nos tem.

O que são esses “pecados”, por que “capitais”, qual é sua hierarquia, o nome de seus demônios e o mais relevante: qual é o antídoto (virtude) para vencê-los?

A esses sete grandes modos de desassossego, o medievo denominou “vícios” ou “pecados”; o grego antigo apontaria como sendo “erro” (hýbris, a desmedida), hoje compreendemos tratar-se de condutas que comprometem o bem-estar físico e psíquico, tanto nosso quanto daqueles que nos cercam.

De acordo com a tríplice divisão da alma em Platão (vide artigo já postado nesse blog), os estudiosos estratificaram as principais paixões às quais o ser humano sucumbe:

a) o epitimético diz respeito aos instintos mais primitivos, as necessidades mais básicas, daí suas fraquezas serem a gula, a luxúria e a avareza (ganância);

b) a parte ligada ao thymós, ao coração é emocional, desencadeia estados negativos de ânimo e são ainda mais difíceis de serem superados: a preguiça (acídia) e a ira e,

c) o nôus refere-se ao espírito e corresponde aos vícios da inveja e da vaidade (soberba).

Demoníacos vícios que lideram – máximo-capitais – porque encabeçam e desencadeiam muitos outros formando um verdadeiro exército atrás de si (geram cerca de cinqüenta filhas). Entre esses sete “poderosos chefões” também identificaram um capo de tutti i capi e, curiosamente um agente duplo infiltrado: a Ira!

IRA



A Ira é vício mortal. Cega o homem (o furioso não pode ver a luz), é o mais violento e, apesar de ser o que mais permite entrever uma imagem de sua essência (Amon, é o demônio deixa o irado desfigurado), paradoxalmente, também se apresenta pela virtude. Segundo o Antigo Testamento, o próprio Deus, erguendo-se pela Justiça, irou-se, ao menos três vezes, vide Adão e Eva, o Dilúvio e Sodoma e Gomorra.

A Ira também acomete àqueles que indomitamente se recusam à tibieza e zelam pela Justiça: “É necessário o máximo cuidado para que a ira, que deve ser instrumento da virtude, não domine a mente, mas que, como serva pronta a obedecer, não deixe de seguir a razão, pois quanto mais sujeita à razão, tanto mais veementemente se ergue contra os vícios”, como diz Gregório. Aplacar a ira requer paciência.

GULA


Morada da alma: “Orandum est ut sit mens sana in corpore sano” (Reze para que a mente seja sã dentro de um corpo são), como rogou o poeta satírico romano, Giovenale, o corpo requer boa alimentação, higiene e exercícios físicos regulares.

Todo vício é um excesso e o de comida embota a mente, pois o estômago, quando não é reprimido enfraquece a alma, tornando-nos menos humanos e mais animais. Belzebu é um demônio que inverte assentadas hierarquias: ao invés de comer para viver, vive-se para comer.

As filhas do pecado da Gula são: imundice, embotamento da inteligência, alegria néscia, loquacidade desvairada, expansividade debochada: “vício capital é aquele do qual – a título de causa final – se originam outros vícios, enquanto o objeto do vício capital é desejável intensa e imediatamente” ensina Jean Lauand, ao apontar que uma das condições de felicidade é o prazer e nada nos dá mais prazer que comer e beber. Aplacar a gula requer temperança.

ACÍDIA/PREGUIÇA

 
Quanto à Preguiça, esqueçam o estereótipo do desocupado prostrado numa rede. Ao nos debruçarmos sobre a Acídia medieval (a acídia ocupava o lugar de nossa Preguiça) compreendemos que a “rede” na qual o demônio Belfegor nos enlaça, é outra.

Na Acídia/Preguiça, o espírito inquieto e perdido se derrama no vasto e variado, o que torna a pessoa apática, letárgica, totalmente sem foco. E justamente por desenraizar o espírito essa preguiça entedia e impede o indivíduo de descansar, de relaxar genuinamente – como um fracassado náufrago que navega à deriva – passam-se as horas, os dias, os anos e, sem nada que o entusiasme a aportar, sobrevém a depressão.

Em sua obra “Sobre o Ensino (De Magistro) – Os Sete Pecados Capitais” (Ed. Martins Fontes), o professor Jean Lauand acrescenta uma análise do Filósofo alemão Joseph Pieper no texto “Concupiscência dos olhos” que elucida muito a inquietação promovida pela acídia/preguiça, cuja primogênita é a tristeza, e a segunda é o desespero.

Ao discorrer sobre a Acídia e curiositas Pieper diz: “Há um desejo de ver que perverte o sentido original da visão e leva o próprio homem à desordem. O fim do sentido da vista é a percepção da realidade. A ‘concupiscência dos olhos’, porém, não quer perceber a realidade, mas ver. (...) A preocupação deste ver não é a de apreender e, fazendo-o, penetrar na verdade, mas a de se abandonar ao mundo, como diz Heidegger em seu Ser e Tempo. Tomás liga a curiositas à evagatio mentis, ‘dissipação do espírito’ (...)”. Isso nos lembra a “nova rede” à qual nos abandonamos, muitas vezes sem rumo, propósito ou moderação: internet!

Jean Lauand aponta que a acídia/preguiça seqüestra o homem de si mesmo e lhe subtrai “aquele bem que só a magnânima serenidade de um coração preparado para o sacrifício, portanto senhor de si, pode alcançar: a plenitude da existência, uma vida inteiramente vivida. E porque não há realmente vida na fonte profunda de sua essência, vai mendigando, como outra vez nos diz Heidegger, na ‘curiosidade que nada deixa inexplorado’, a garantia de uma fictícia ‘vida intensamente vivida’. Aplacar a acídia/preguiça requer diligência.

LUXÚRIA


A Luxúria é o mais sedutor dos vícios, pois seus prazeres são os oriundos do sexo, mas quando em desmedida e intensamente despudorado. A Luxúria é mais problemática quando a capacidade de controlar os instintos é ameaçada pela lembrança de indeléveis experiências ocorridas durante a infância: “Por isso, integrar os instintos é ao mesmo tempo construir também o inconsciente pessoal, o domínio da própria vida”, afirma o teólogo Anselm Grün, em sua obra “Convivendo com o mal – A luta contra os demônios no monaquismo antigo”.

O demônio da Luxúria (Asmodeus) ama a pornografia e nos força a desejar outros corpos: “Ele ataca cruelmente (...) enlameia a alma e a seduz a ações vergonhosas (...). O demônio da luxúria trabalha, sobretudo através da fantasia, que ele enche de imagens e de pensamentos impuros, desta maneira obscurecendo a razão”.

Como Freud já apontou, alguma renúncia ao instinto é necessária à civilização. É típico que esse vício atue de modo repentino, preferencialmente, à noite, libertando e incendiando os instintos até a mais completa animalidade.

Se os arroubos compulsivos de Asmodeus forem mesmo incontroláveis, que os adultos busquem tratamento especializado ou, no mínimo, pessoas e locais apropriados, pois nossos pequenos inocentes são curiosos, bisbilhoteiros e “um segredo pode influenciar o destino das crianças sobre as quais ele pesa”, alerta o psicanalista francês Phillipe Grimbert, autor de “Um segredo em família”. Aplacar a luxúria requer castidade.

AVAREZA/GANÂNCIA


O que move o mundo é a ação. Obviamente, uma vez que a grande maioria das ações empreendidas por nós, em nossa sociedade, visa à obtenção e acúmulo de capital, têm-se a impressão de que o dinheiro é o que move o mundo. Instrumento de coação, controle e de grandes injustiças, não são poucos os malefícios do apego exagerado à matéria.

A Avareza (ganância) também tem sua compreensão deveras limitada pelo estereótipo do velhinho que amealha e esconde seu rico dinheirinho embaixo do colchão. O vício da avareza abarca e encampa os sonegadores, os agiotas, os especuladores, os corruptos, os traidores, os assassinos e os ladrões.

Temeroso, pois em suas alucinações sempre fantasia falência e miséria, escravo de suas posses – o avarento sequer as desfruta – não as possui, é possuído por elas. Não que o dinheiro em si seja sujo ou ruim, mas o amor excessivo ao dinheiro é raiz de muito mal. A ganância é freqüentemente associada a uma mulher que, dizem apela para a dissimulação: aparentando virtude, oculta seu arrivismo, fingindo apenas estar preocupada com o bem-estar, a educação, enfim, o futuro dos filhos.

Os que lidam com Direito Civil certamente estão familiarizados com toda essa mal camuflada modéstia. Vale esclarecer que a ardilosidade não é exclusividade feminina – os homens também se valem desse expediente (além da convincente preocupação com a velhice) como pretexto para justificar submissão à prata. Chegada à idade avançada, tendo propositalmente optado por uma vida franciscana, checar o patrimônio amealhado pelo avaro revela a farsa.

Dante retratará a condição dos gananciosos, avarentos, acumuladores e os esbanjadores. No Purgatório, à espera do perdão, lá permanecem de bruços, com o rosto colado à terra e, sem poder voltar os olhos para o céu, repetem incessantemente o Salmo 119: “Minha Alma está apegada ao pó”.

Em aramaico, o nome do demônio da ganância é Mammon, mas em 1776 o filósofo escocês Adam Smith, ao publicar “A Riqueza das Nações”, obra basilar da Economia Moderna, revolucionou o modo como as pessoas passaram a ver o dinheiro e, conseqüentemente, a ganância. Essa obra é a primeira a enumerar os ‘Princípios da Economia’ e os casos em que o capitalismo, o desejo de possuir cada vez mais podem ser ‘bons’, concebendo um mundo onde a economia seria guiada por uma ‘mão invisível’.

A “Mão invisível” é o que impulsiona a pujança do comércio e das transações: “Nós trocamos algo que valorizamos menos para obter coisas que valorizamos mais”. Como um invencível ‘Leviatã’, na “Mão invisível”, milhões de pessoas ‘funcionam’ de forma egoísta, constantemente desejando coisas que querem através do mercado.

É o renomado economista brasileiro Alexandre Schwartsman quem nos esclarece melhor: "O ponto central de Smith n'A Riqueza das Nações é precisamente que 'não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que ele tem pelos seus próprios interesses', ou seja, que a busca do autointeresse é que provê a sociedade dos bens que ela precisa. É como se houvesse uma "mão invisível" (economistas também podem ser poetas) que guiasse cada um de forma que, na busca do autointeresse, produziríamos o melhor resultado social". Por isso, para a "Lei da Casa" (OIKÓS/NÓMOS = Economia), certa ganância é inerente e propícia ao desenvolvimento, devendo até ser cultivada em nome do bem-estar social. A fim de revelar alguns desses autointeresses, prossigamos nos vícios principais.

A questão não é ser ou não ambicioso, mas quão ambicioso se pode e deve ser. A perversão se dá quando posses e status definem quem você é – espantosamente até para si mesmo! A ganância escraviza a alma, arruína um país, destrói a pólis. O brilhante economista John M. Keynes (1883-1946), em sua obra “Possibilidades econômicas para nossos netos” (1930), alerta que “O amor ao dinheiro como uma possessão – distinto do amor ao dinheiro como um meio para atingir os prazeres e as necessidades da vida – será reconhecido pelo que ele é: uma morbidez um tanto repugnante, uma dessas propensões semicriminosas, semipatológicas que se encaminham com horror aos especialistas em doença mental”.

E Schwartsman, ao citar Adam Smith em "A Teoria dos Sentimentos Morais" nos reconforta, pois o escocês atesta que "Independente de quão egoísta possa ser o homem, há evidentemente um princípio natural que o faz interessar-se pela sorte dos outros e considerar sua felicidade necessária para si, mesmo que nada obtenha dela além do prazer de vê-la". Não é de surpreender que placar a avareza requeira caridade.

INVEJA



A desprezível deusa romana da Inveja (invidia), por onde passa seca flores e plantações, envenenando tudo o que é bom. Inconfessável, a inveja é um vício constrangedor: atormentadora, começa por invadir todos os pensamentos e, na seqüência, domina as atitudes da pessoa. Foi o primeiro pecado cometido pelo demônio e também o que motivou o primeiro assassinato.

Até mesmo na literatura infantil, a inveja é o centro das tramas: branca de neve tem sua morte encomendada porque é bela. E Cinderela é invejada desde antes do grande baile, pois é boa e feliz, mesmo no borralho. No Purgatório de Dante, os invejosos são condenados a vagar tendo os olhos costurados com arame. Isso porque a inveja é um pecado cometido pelos olhos. Em nossa língua, não encontramos uma palavra para definir o que seja sentir alegria no sofrimento ou má sorte do outro, mas em alemão há: “schadenfreude”. Já vivenciar a alegria do outro como se fosse minha (o antônimo da inveja), nos ensina Jean Lauand, em grego antigo, é “synkhairía”.

Na Hélade, precisamente em Atenas, periodicamente os cidadãos eram chamados a, secretamente, escrever o nome de uma pessoa que gostariam que fosse expulsa da cidade num caco de cerâmica chamado “ostrakon”. Se determinado indivíduo tivesse seu nome registrado muitas vezes, ele era simplesmente expulso da cidade. O período de ostracismo durava cerca de dez anos. Para quem se recusasse a pena era a morte.

Certa vez, um nobilíssimo e muito distinto cidadão ao flagrar seu nome sendo escrito indagou: “O que ele fez para que escrevas seu nome”? – o outro cidadão respondeu: “Nada. É que não suporto mais ouvir falarem tão bem dele”.

O filósofo francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), em seu “Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens” a aponta como inerente – até mesmo seu famoso “bom selvagem” invejaria àquele que, dançando melhor, atraísse mais olhares de admiração. Para que estejamos na mira da inveja não é necessário que sejamos belos, afortunados ou brilhantes – a felicidade – talvez mais até que outros atributos chama mesmo a atenção. E, ponderando sobre o que diz Aristóteles: "ceramista inveja ceramista", geralmente, os subalternos revelam-se amigos sinceros e confiáveis.

No judaísmo, a inveja não é assim um erro tão fatal: a dos eruditos aumenta a sabedoria e alguns estudos mais recentes a tem apontado como sendo mola propulsora do avanço da humanidade. Inveja: “sem ela não haveria progresso; com ela parece não haver paz”.

O “mau-olhado” é o olhar de ódio. Um espelho a aguardar o invejoso remete o olhar negativo de volta. Trazer como amuleto o ‘olho grego’, o petrificante olhar das Gárgulas ou da Medusa, cumpre essa mesma finalidade: proteger-nos dos invejosos.

Uma das filhas mais famosas da inveja é a fofoca (sussurratio). Ela calunia, difama, fomenta intrigas, promove discórdia e desarmonia. Tem um poder de devastação tão grande que consegue fazer romper de modo irreversível, delicados e belos laços afetivos até mesmo entre consangüíneos. Mais uma vez, eis o demônio, plenamente satisfeito e realizado. Aplacar a inveja requer generosidade.

Curiosamente, não são poucas as pessoas que buscam ser alvo de inveja. Daí, adentramos ao mais terrível dos pecados capitais...

VAIDADE/SOBERBA



Quase inexistentes na Idade Média, na atual Idade Mídia, os veículos de comunicação, cônscios do poder em alimentar essa necessidade mundana de – ser mais e melhor, – incutem na mente das pessoas um desejo desesperado por “aparecer” e permanecer em evidência. Diferente da inveja, que envergonhadamente se oculta, a Vaidade (soberba) tem furor pelos holofotes. Não por acaso, seu demônio é Lúcifer – que quando bom daimon, antes da queda, era o portador de LUZ.

É necessário esclarecer, porém, que bem próxima à vaidade (quase se confundindo com ela), há ainda um erro que Tomás apontou como sendo um pecado “supracapital”. É o empenho feroz que, destituído de virtude (literalmente desvirtuado) busca alcançar a excelência, ser “o melhor” naquilo que se propõe.

A Soberba é um erro tão descomunal que atua como uma espécie de guarda-chuva, abarcando sob si todos os demais pecados capitais. A soberba é bem parecida, mas muito, muito superior à mundana e prosaica vaidade (inanis gloria – vangloria), tanto que hoje, nos diz Jean, a Igreja prefere colocá-la no lugar da vaidade,

Orgulho tolo, a vaidade é confronto da criatura efêmera com seu semelhante. É a prosaica aflição pequeno-burguesa do bípede implume que, alardeando seus dons “extraordinários”, ostenta sucessos e brada conquistas. É o desejo ingenuamente mundano de divulgar ao máximo, premeditados (mas indubitavelmente sinceros) sorrisos junto à torre Eiffel (Aspen ou Veneza também servem – e, atire o primeiro tridente quem nunca se flagrou vaidoso), de pavonear o decorador contratado ou a exibição da retesada fisionomia nas publicações de massa que povoam os redutos de Afrodite (salões de beleza). Na contemporânea Idade Mídia, Lúcifer tornou-se patético e, notoriamente, quanto mais provincianamente deslumbrado, mais divertido.

Já a soberba é quando o ser humano confronta-se e disputa a primazia com o próprio Criador, o ‘movente imóvel’ aristotélico, o que está além e acima orquestrando o cosmos (a ordem); seja qual for o nome que lhe dermos, o fato é que esse mega (palavra grega que significa grande) demônio não reconhece autoridade além de si. Superior a todos, eis o capo de tutti i capi: Satã.

Na vaidade, quero ser melhor, mais amado, mais bonito, inteligente, rico ou bem-sucedido que o vizinho, o colega e até mesmo (desde o berço) meu irmão; na soberba a distorção do espírito é tão medonha que não me contento em brilhar entre os pares – para além do bem e do mal – vanitas descomunal, a rivalidade é suprema: julgo-me no direito e exijo ocupar o topós (lugar) do Demiurgo. Satanás quer ser Deus. Como não poderia deixar de convir, aplacar a soberba requer humildade.

Conclusão:

Vencer o mal não consiste em, como no ascetismo (celibato, por exemplo), tolher a “vontade” ou não se permitir ser acometido por “desejos” – impedir isso não seria nada razoável (vide infindáveis escândalos de pedofilia envolvendo padres da Igreja católica): vontades, desejos e paixões, além de tornar-nos humanos são necessários à felicidade, à evolução e à perpetuação da espécie – mas é sim, priorizando a razão ACIMA dos desejos, que somos livres para decidir com lucidez quando convém ou não (além de como e o quanto) satisfazê-los.

Platão afirma que toda ética é estética e política – ser Bom, Belo e Justo – é decidir livremente com a razão. Valer-se da liberdade para ser razoável remete-nos ao famoso “imperativo categórico kantiano”, sem dúvida. Mas buscar liberdade para agir com os instintos seria, convenhamos, um tremendo contra senso.

Sim, os “maus daimons” nos tentam o tempo todo, mas é a nós, somente a nós que cabe decidir e escolher "o" agir: de livres ou escravos – homens ou animais.

E é considerando (con siderio = pôr junto às estrelas) o “Outro”, nosso semelhante (em Filosofia denominamos “Alter”), que somos éticos, virtuosos.

Como sempre, tudo é questão de bom-senso, justa medida, equilíbrio, moderação, a famosa “Sophrosyne” grega no frontispício do Oráculo do deus da harmonia e da saúde, Apolo, na cidade de Delfos: “Nada em Excesso”.

Sobre a obra de Hieronymus Bosch - Os Sete pecados capitais


(obra de 1480 – Museo del Prado, Madrid)


Não se sabe ao certo qual a origem desta obra. Talvez provenha da encomenda de uma ordem monástica da época. Sabe-se apenas que posteriormente passou a compor a coleção rei espanhol Felipe II, juntamente com outras obras do artista.


Bosch escolhia para seus temas moralistas personagens de lendas, provérbios e superstições populares, dando-lhes um aspecto alegórico na representação – como também vemos em “A Morte do Avarento”. Com isso ele criou uma iconografia fantástica própria, que lhe permitiu abordar desde os pecados humanos até sua terrível conseqüência, o inferno. Bosch demonstrou sua preocupação com o homem, mostrou de forma contundente e sem rodeios sua percepção apocalíptica da condição humana.


Na obra Sete Pecados Capitais, Jesus Cristo se encontra no centro do painel, cercado por um largo anel dourado no qual está inscrito em latim: "Cuidado, cuidado, Deus vê". A esfera central tem a aparência de um olho humano, e Cristo estaria dentro da pupila. A imagem remete ao significado do olho de Deus, que tudo vê. No restante, temos a representação de cada um dos sete pecados capitais (avareza, soberba, gula, ira, inveja, preguiça e luxúria) em cenas que poderiam ser vistas no cotidiano de sua região. Nos quatro cantos do painel encontramos círculos, dentro dos quais estão representados: a morte, o juízo final, o inferno e a glória.


Por optar por representar o tema a partir de situações cotidianas, cumprindo o objetivo educativo e moralista, esta obra prenuncia um gênero artístico surgido tempos depois e amplamente desenvolvido ali, nos Países Baixos: Pintura de Gênero


Fonte: http://www.casthalia.com.br/

72 comentários:

Luciene Felix disse...

Queridos amigos,

Conheci o blog de um amigo onde os leitores costumam se manifestar aqui mesmo: postam comentários, dúvidas, fazem suas críticas enfim, dinamizam e otimizam essa ferramenta.

Esse espaço constitui excelente oportunidade para discutirmos e nos aprofundarmos melhor nos temas abordados.

Um grande beijo,

lu.

PS.: Aos poucos, vou começar a transferir os emails que recebo para cá.

Gean disse...

Lu, li todo o texto e estou mais inteirada sobre o séquito de deuses que a seguem por todo seus textos!

Já estou me sentido mais íntima deles todos! rs

Sobre os sete pecados..
È incrivel a quantidades de tentativas que se faz em todos os tempos e lugares para conter estas inclinaçoes humanas destrutivas!
Manter sobre controle o instintivo, o selvagem que existe em nós é tarefa árdua! Um trabalho de Hércules!
!! rs

Beijo de sua fã Gean.

Anônimo disse...

Eminente Professora Luciene Felix,

Outra vez a parabenizo. Agora pelo seu "A Família - Parte II".

Gostei muito do artigo que me fez lembrar também de Turgueniev (Pais e Filhos), Balzac (O Pai Goriot) e Tolstói (sua própria vida e Anna Karienina). E a vida segue imitando a arte!

Cordiais Saudações.

Luiz Henrique Martins Portelinha
Juiz de Direito

Luciene Felix disse...

Olá Gean,

Que bom vê-la por aqui amiga!
Fico feliz que tenhas apreciado esse looooonnnngo texto.

Pensa que meu limite na "Carta" é de 4 mil toques e dessa vez, acho que extrapolei mesmo.

Mas o tema é simplesmente fascinante. Eu tinha certa aversão pelo tema, na minha ignorância, imaginava ser mais um daqueles dogmas religiosos mas, quanto engano: é um tratado ético-moral, claro que condizente ao contexto histórico / político / econômico / social e etc., da época.

Mas é sim, surpreendentemente preciso e atualíssimo amiga.

Quem trabalhou bem a questão do "daimon" foi Sócrates/Platão. Os medievos traduziram por "angelus", os bons daimons, of course. E daí para o "mal daimon" personificar-se no "tinhoso" tão bem caracterizado por Dante, foi um sopro. Bjs., querida Gean.

Luciene Felix disse...

Estimado Juiz Luiz Henrique,

Foi o texto em que fui menos "acadêmica" (creio que o único): cadê as fontes? As citações para corroborar? Apenas observei. E no relato, denunciei, rs.

Pelas duas deusas!

Quisera eu alcançar a hombridade de um desses autores.

Meu Amor ama esses russos: Gogol e Dostoievski também.

Infelizmente não tive oportunidade de ler Turgueniev e, de Balzac, por enquanto somente “A mulher de Trinta Anos”, mas amo Ana Karienina.

Alguns crêem que Tolstói foi de um moralismo atroz, penso que ele foi é de uma lucidez aguda e precisa.

Talvez porque eu preze muito a ordem. E esse dilema é antigo, hein? Vide Helena e Páris: todo Ílion (Tróia) sucumbindo pelos caprichos de Afrodite Pandemia.

Creio ser do homem esse “dilacerar” (que os diga os expoentes do romantismo alemão). Mas sou por Hera, Athena e Afrodite Urânia, a Pandemia é um caos, rs.

Sim, segue imitando. E de onde se extrai a arte senão da vida?

Um grande abraço amigo,

luciene

Anônimo disse...

Lu?

Tu foste almoçar às 12:30 e até agora não me respondeste?

Por acaso te entregaste ao vício da gula?!
Ou ao da preguiça?
Ou estás avara com teu conhecimento?
Ou terei te irado com minha gozação?
Espero que não me trates com a soberba do tipo o que vem de baixo não me atinge, e que saibas que não só invejo tua capacidade de expressão como ainda me deleito luxuriosamente quando compartilhas tuas míticas entranhas.

Gargantio.

Anônimo disse...

Todos os pecados, enunciados pela igreja católica, deliciosos!

Sophie

Luciene Felix disse...

São anteriores à Igreja Católica Sophie....

Na verdade, foram monges, peregrinos, eremitas, enfim, homens SÁBIOS que beberam em fontes Orientais e desde cerca de 375a.C. compilam as fraquezas humanas.

O que Tomás fez como empirista que era, foi retomar a lista de Evágrio (375 a.C.) que já havia sido revista por Gregório Magno, acho que em 390 d.C. estudá-la, observar e confirmar.

Tomás sempre escrevia assim: "O que realmente pode ser observado e acontece na maioria dos casos é....".

Desse modo, bastante empírico, pela experiência, Tomás "fechou" seus famosos "Sete Pecados Capitais".

Obrigada pela oportunidade em esclarecer melhor esses detalhes Sophie. Um grande beijo, lu.
.
PS.: A propósito, não considero a Gula e a Luxúria tão grave (esse último, desde que consentido e entre adultos, obviamente. Embora conviver com um(a) "viciado em sexo" deva ser um inferno, rs);

Também vejo a Vaidade com condescendência, uma bobagem até: "humano, demasiado humano",como diria o alemão bigodudo. Pueril, certamente. E que alguns adultos prolongam até a idade avançada. É divertido testemunhar! rs.

Mas a Inveja... não entendo como alguém pode ser feliz com a dor e as mazelas de seu semelhante. Ou não se alegrar com as conquistas e a felicidade do irmão (em sentido metafórico, ou seja, qualquer outro ser humano).

A Avareza também considero um "Leviatã", um monstro! O castigo imaginado por Dante foi simplesmente fenomenal, fantástico!

Anônimo disse...

Sempre na gozação,

Afinal que gozo existiria no "pecado" se vc ficar aprisionado nele? Para gozar é preciso se mexer...

O gozo da soberba, ou da humildade, pq humildade em excesso tb é "pecado", não está em um ou outro, mas na passagem de um para o outro.

Que gozo existe na avareza se não houver o gasto?

Ou que gozo haveria na luxúria se vc não transitasse pelo ascetismo?

Ou na ira sem o perdão?
Ou na gula sem a frugalidade?
Ficar parado na inveja sem correr atrás?

E não é gostoso (gozoso) se espreguiçar depois e antes de um dia de trabalho?

Pensando bem, não será que o orgasmo, o gozo, é gostoso exatamente por ser espasmódico?
Pulsante? Se ele for contínuo, ou é uma insatisfatória ejaculação precoce, ou não passa de um reles xixi...

Gargantio

Luciene Felix disse...

Para os amigos que não sabem, Gargantio é psicanalista.

Corre o boato de que todo psicanalista é... (você sempre me pareceu sensato, normal). São muitíssimo bem humorados.

Pra martelo, tudo é prego, rs.

Mas estáis corretíssimo amigo: a passagem de um ao outro. E depois da "passagem" o Céu (ou o Inferno) é o limite? Bjs., lu.

Leonardo Leite disse...

Eu não canso de dizer que sou teu fã, Lu. Não apenas pela evidente erudição e profundo conhecimento daquilo que te propões a tratar, mas, também, pelo zelo carinhoso com que dedicas a compartilhar tão bela obra. Teu blog é um deleite para os olhos e para a alma. Tornou-se para mim, não simplesmente um excelente site para visitar e ficar a par das atualizações, mas uma fonte de referência e consulta. Podem me chamar de bajulador se quiserem, para mim nem toda seda do mundo é suficiente para ser "rasgada" diante ti.

Parabéns pelo blog. E deixo apenas uma sugestão, que a cada nova atualização haja sempre o espaço para interagirmos, salvo engano, este é o único link o qual consegui identificar para postar comentários.

Aproveito para agradecer a imensa honra de citar-me neste espaço tão relevante.

Abraço carinhoso,
Leo.

Luciene Felix disse...

VC já testemunhou ou foi vítima de algo assim?

Na Hélade, precisamente em Atenas, periodicamente os cidadãos eram chamados a, secretamente, escrever o nome de uma pessoa que gostariam que fosse expulsa da cidade num caco de cerâmica chamado “ostrakon”.

Se determinado indivíduo tivesse seu nome registrado muitas vezes, ele era simplesmente expulso da cidade. O período de ostracismo durava cerca de dez anos. Para quem se recusasse a pena era a morte.

Certa vez, um nobilíssimo e muito distinto cidadão ao flagrar seu nome sendo escrito indagou: “O que ele fez para que escrevas seu nome”? – o outro cidadão respondeu: “Nada. É que não suporto mais ouvir falarem tão bem dele”.
.
Bjs., lu.

Luciene Felix disse...

"para mim nem toda seda do mundo é suficiente para ser "rasgada" diante ti."

Menos Leozito, menos, rs.
É só pegar um "vanitas" e imaginar quando aquele crânio for o meu, diante de tantas sedas rasgadas...

Observe o "vanitas" (vaidade) desse Blog: o que fica é o livro. Na verdade o que tiver de bondade, beleza e justiça impressos no livro.

Você é precioso camarada!
Bjs., lu.

PS.: Leozinho é companheiro de "philía a sophia" - é Filósofo.

Anônimo disse...

Kátia

Rs...
Opa!!

Luciene Felix disse...

E ai Kátia.....

você escreveu o nome no caquinho de cerâmica ou teve o seu escrito nele? Bjs., lu.

Anônimo disse...

Katia

Lu
Só testemunhei!

Luciene Felix disse...

E seu Espírito indômito....

Não se ergueu contra a injustiça mulé? Cadê a IRA santa? kkkkk

Tibieza é o que pode haver de mais vil, vice? kkkkkk

Bjs., lu.

Anônimo disse...

Kátia

Rs...
Tem ocasiões que é melhor ser vil do que vilã.

Anônimo disse...

Manoel

Eita Kátia...
Acho que já vivi algo parecido..rsrsr... Obrigado!!!

Luciene Felix disse...

Mas tão me saindo uns belos....

Duns guerreiros aqui! Quanta fibra!

Me contem essa história direito, senão vou fazer juízo errado docêis, rs. Bjs., lu.

Anônimo disse...

YEDRA

Será que é um consolo saber que os "sábios" gregos também cometiam suas vilanias?

Anônimo disse...

Leo

Já testemunhei....
e paguei o preço de não obedecer ao desejo dos "cidadãos" .....rs

Luciene Felix disse...

Yedra, minha querida...

Melhor que nos detenhamos aos magnânimos épicos de honras e glórias.

Se há rosa e espinho (e hão), meu espírito se deterá mais sobre a beleza: A LUZ, sempre.

Ah, Leo, exceto por casos pontuais (e muito famosos, por sinal), se foi o desejo da maioria... ai tinha... ou não?

Em caso de genuína injustiça, se empreendeste luta, tua consciência está em paz.

Bjs., lu.

Anônimo disse...

Leo

Estou em paz, sim, Lu....rs

Luciene Felix disse...

É o que conta amigo!

A consciência do dever cumprido.

Mas, me diga, se tivesses teu nome escrito no ostrakon, o que farias?

Obviamente, se fosse com justiça, tua reação seria uma;
Com injustiça, tua reação seria outra. Concordas?

De qualquer forma, o brio me diz que, se uma cidade nos expulsa, às favas com essa cidade. O que não dá é pra ser "expulso" do mundo. kkkkk.

Bjs., lu.

Anônimo disse...

Osvaldo

Devemos sempre nos colocar em atitude de defesa contra aqueles que nos julgam, contra os que nos aplaudem e nos enaltecem, os que momentaneamente iludidos, podem transformar os nossos sentimentos que aspiram paz, em pertubações que desejam a glória efemera.

Luciene Felix disse...

Certamente Yedra...

Gregos ou Troianos, a vilania não faz distinção de raça, cor, credo ou religião.

Mas a "Sabedoria" sim, deveria. Ou seria um contra-senso.
Bjs., lu.
.
PS.: Contra-senso é junto ou separado? Tem hífen ou não?
Essas dúvidas gramaticais estão me matando, rs.

Anônimo disse...

Gean

Chocante a 'candura' com que se comete uma 'putaria' contra alguém! rs

Lu, este seu assunto me fez lembrar de um filme, O Julgamento de Nuremberg, um filme de 2000 dirigido por Yves Simoneau.Neste filme um psicologo acompanha o julgamento tomando nota de tudo.

Sua intenção era descobrir o porquê de tantas atrocidades ...
Quando chega o final da narrativa o psicologo devidamente impressionado com tudo que testemunhara, diz: Descobri (modesto o cara) a origem do mal entre os homens: O mal entre os homens acontece devido a ausência de empatia!

Fiquei pensando na tal banalidade do mal...

Luciene Felix disse...

Já escrei sobre isso amiga GEAN,

Procure por "Hannah Arendt: No murmúrio da multidão, a consciência adormece".
Bjs., lu.

Luciene Felix disse...

Vou postar um trechinho meu:

A perversidade do sistema totalitário cria pessoas destituídas da mínima capacidade de distinguir o bem do mal, de atentar para as conseqüências de suas ações, pois encobrem-se no coletivo.

Cegos, buscam, unicamente, ascender socialmente no exercício de suas profissões sem questionar o éthos do que lhes compete.

Hannah Arendt apontou para a necessidade de refletirmos sobre o fato de que regras arbitrariamente preestabelecidas nos tornam incapazes de gozar das faculdades básicas do espírito individual, seqüestrando nossa liberdade.

Ao negar ao homem a liberdade de pensar, refletir, julgar e escolher, fomentamos a existência do totalitarismo*.

Bjs., lu.
.

*um dos que melhor retratou o indizível do MAL.

Anônimo disse...

Darwin

Acho que nunca testemunhei isso.

Se visse meu nome no caquinho iria adorar, afinal "fale bem ou fale mal, mas fale de mim".

Anônimo disse...

Darwin

O mal entre os homens acontece devido a ausência de empatia!

Dorei

Anônimo disse...

Celeste

“De qualquer forma, o brio me diz que, se uma cidade nos expulsa, às favas com essa cidade. O que não dá é pra ser "expulso" do mundo.”


Sempre haverá cidades acolhedoras nos esperando para novas aventuras e recomeços...

Anônimo disse...

Gean

Lu, já conhecia este texto seu! Por isso lembrei!

Lu, fiquei impressionada por o psicológo atribuir a existencia de uma máquina de eliminar pessoas uma questão de empatia e não se tocar em grandes questões políticas!

Não que eu saiba qual é o principal motivo que nos leva a perpetrar genocídios ao longo de toda nossa História!

Beijos meus tbm .

Darwin , menino levado, que foto é esta???kkkkk(cãozinho fazendo aquilo na praia)

Anônimo disse...

Sophie

Ainda não e...
ainda bem!
rs

Anônimo disse...

Grazzi

Me expulso antes sempre que posso, não gosto de lugares apertados..

Luciene Felix disse...

Amigos,

Cês repararam que na imagem da "Soberba" a figura principal está de costas e algo parecendo um demônio está saindo de trás do armário e meio que ajeitando o espelho pra ela?

A Soberba/Satã é uma muié? Putz! Desde que a terra é a terra que... é nóis na fita! kkkk. Bjs., lu.
.
PS.: É que Terra (o que perece) não é nada sem o Céu (o que permanece). E o que se gera sem "espírito"?

Unknown disse...

Lu,
é o humor o veículo que permite transitar entre os pecados, e entre as virtudes, sem pecar e sem se tornar virtuoso. Usado com parcimônia, é bom.
Bjs.

Luciene Felix disse...

Dispensemos a moderação,
Não sejamos tão parcimoniosos amigo: bom humor é tudo!
Adoro dar risadas, faço isso (quase) o dia todo.
Feliz em tê-lo por aqui.
Mil beijos, lu.

Unknown disse...

É que um dia eu descobri que era occamista. Sou moderado por natureza, mas tb com moderação. Não me furto às risadas, adoro rir, é o melhor remédio, mas mesmo o melhor remédio é tomado em doses. Não me furto a elas, mas nem sempre elas são provocadas e eu não as consigo provocar artificialmente. Sorrio muito, praticamente todos os meus encontros terminam com um sorriso, naturalmente, se for possível.
Bjs

Anônimo disse...

Simplesmente incrível seu outro blog das imagens, que termo melhor descreveria o que senti ao acessa-lo, catarse ou nirvana?! rs
Beijos

Alan

Wander disse...

Grande texto Luciane, me lembrou Epicuro que nos ensina, desde a antiguidade a nos protegermos dos sete pecados capitais, vivendo uma vida racional, justa e venturosa, pois não é possível vivermos venturosamente se não vivermos justamente, nobremente e racionalmente. Será vida sem avidez ou paixão transbordante sem ambição, sem prejudicar interesses do próximo, sem violação das leis. Pois as leis para o sábio foram feitas, não para que ele não cometa alguma injustiça, mas sim para que nenhuma injustiça lhe seja feita. Uma vida guida pelas ordens da natureza, racionalmente, será ao mesmo tempo uma vida cheia de felicidade.

Alan Tykhé disse...

Lu muito bom seu blog, não merece estar entre os 100 melhores, merece o prêmio de melhor!

Beijos

Anônimo disse...

Prezada Luciene Félix,
Boa tarde.

Sou estudante de direito na UFJF e gostaria de lhe parabenizar pelo artigo "Os Sete Pecados Capitais" publicado no site "Jornal Carta Forense", se não me falha a memória. É bastante interessante a concepção não religiosa mas ética do tema e o detalhamento dos sete pecados capitais. Por exemplo, a abordagem da ira como vício mortal, da inveja como constrangedor, o destaque para a diferença entre vaidade e soberba que compreende o alvo da comparação e, por fim, uma conclusão em citação a Platão que pondera que apesar de sermos tentados constantemente, cabe a nós decidir, livremente, com a razão, o agir entre homem (livre) e animal (escravo). E que devemos buscar a harmonia, a justa medida. Conforme Apolo da mitologia grega "nada em excesso". Gostei muito.

Além disso, e aproveitando a sua experiência com Filosofia, eu lhe peço a indicação de um livro - preferencialmente em inglês - que ofereça uma visão ampla sobre os principais pensadores que vieram a influenciar as teorias do Direito. Um livro que contemple desde os clássicos como Sócrates, Platão e Aristóteles (com a sua idéia própria de justiça) até Kant, Kelsen, Alexy, Dworkin (que talvez seja o mais destacado jurista de nossos tempos), entre outros.

Certo da compreensão,
Agradeço desde já e,

Parabéns mais uma vez!

Atenciosamente / Best regards,

Eng. Sávio Silva Jardim

Luciene Felix disse...

Estimado amigo,

Parabéns pela síntese: perfeita!

Confesso que não havia percebido ter sido tão clara, rs.

São três as mensagens no frontispício: "Nada em excesso", "Conhece-te a ti mesmo" e algo como "Não prometas o que não sabes se poderás cumprir", essa última, só gragmentos.

Dizes "experiência com Filosofia"... queres me constranger? kkkk estou a rir, rs.
Platão afirma que ninguém é Filósofo com menos de 50 anos.
Falta tão pouco e ainda não aprendi o bendito grego! Não apresses Chronos...

Creio que já escrevi sobre isso, busque no site da ESDC (www.esdc.com.br) sob o título "Platão e Aristóteles - O Discípulo não supera o Mestre, o complementa".

Eis um breve trecho:
Em 387a.C., Platão fundou o que pode ser considerada a primeira instituição de ensino superior do mundo ocidental, a Academia de Atenas (dedicada à deusa da Sabedoria e da Justiça). No 1º nível (até os 16 anos), treinamento científico: matemática, ginástica, astronomia, música e geometria: na entrada uma placa avisava: “Ageometretos mé eisito” (sem geometria, não entre). Já no 2º nível (dos 16 aos 30 anos), os alunos aprendiam ética, a virtude e a política para, no 3º nível (dos 30 aos 50 anos), aprender a dialética e tornar-se Filósofo. O platonismo reverencia o mundo das Idéias, pois a realidade física, material, sensível, concreta, não alcança o “Ideal” de perfeição que somente a representação mental, abstrata (imaginem a geometria, o lógos) propicia.

A indicação dessas obras em inglês e que, especificamente, perpasse, alinhave todos os "grandes sistemas filosóficos" pelo... Direito? Caçamba...

Vou ter de pedir ao meu Amor que sugira, mas se abrires mais o leque, pensando na questão da Justiça, recomendo que busques primeiro alguns preciosos diálogos de Platão (através de quem Sócrates fala) tais como Górgias, Protágoras, enfim, os Sofistas (W.K.C. Guthrie é show, usado na pós. "A República" é a obra-prima de Platão sobre a Justiça. Procure a edição da Calouste Gulbenkian, a melhor. A menos que você seja aficcionado por inglês e leia melhor que em português (?), não busque sarnas, mesmo porque se for se aprofundar, não faria sentido que não fosse em grego. Quanto a Aristóteles, presumo que já devas ter devorado "Ética a Nicômacos", "A Política", mas há traduções e traduções... me lembre de encaminhar a melhor por email. Kant, é melhor começar com a "Metafísica dos Costumes", porque a "Crítica da Razão Pura" não é easy para não-filósofos (não tome por afetação amigo, qualquer professor sabe que Kant não é bolinho, tem que gostar mesmo. E por que não um bom intérprete?)... bem tenho um trabalho precioso da época da facul que ajudará você a decidir se embarca ou não. A adotada é da Calouste Gulbenkian que também creio que só perde para a versão em... alemão. Tens coragem? Só criaria essa coragem toda pelo bigodudo genial: Nietzsche. Mas já disse que alemão, só quando ficar "véia", faltam poucos anos para parar de enrolar, rs.

Quanto a esses "astros" do Direito/Jurídico: Kelsen, Alexy, Dworkin e biblio em inglês, só com meu Amor mesmo: não entendo absolutamente n-a-d-a das teorias deles, rs.

Vou encaminhar seu email a ele.

És de Exatas e estais te aventurando em Humanas?

Recomendo: http://www.esdc.com.br/CSF/artigo_ethos.htm (errata: é fusão nuclear)

Bem-vindo ao melhor dos mundos meu amigo: o do espanto!

Mil beijos,

lu.

Anônimo disse...

(...) leio seus textos até o fim( o que não é pouco, pois sou leitora indisciplinada que só ler o que dá prazer, o que desperta um interesse vívido!..rs), fico um pouco 'intimidada' em comentar! mas adorei a avalanche de textos, já li quase metade do total..

Gean

Luciene Felix disse...

Intimidada Gean?

Intimidada ficava sua avó!
Pois eu pergunto de tudo, não tenho a menor vergonha de dizer: "não sei", "o que é isso? É de comer?"kkkk.

O que de "pior" pode acontecer? Se deparar com um(a) prepotente? Quem sabe tem humildade e felicidade em ensinar; ao menos é assim que escolho meus Mestres.

Mas, pensando bem, estejas atenta ao que indagas (e onde), pois podes pagar um king-kong tipo...

Pensa que numa aula do Pondé, lá na Casa do Saber, classe lotada, eu no gargarejo mando essa:
"Pssô, e o que é sodomia?"

A classe veio a baixo!rs.

Bjs., lu.

PS.: Por sorte, para amenizar, a aula era sobre Sade.

Luciene Felix disse...

Alan,

Adorei seu Blog "Pensamentos e Fragmentos"; já inseri em meus favoritos e adicionei à lista desse aqui.

Bjs., lu.

Luciene Felix disse...

Bem lembrado Wander!
Grande e Sábio Epicuro. Bjs., lu.

Luciene Felix disse...

Amigos,

Indaguei acima: "E o que gera sem 'espírito'"?

Aquela doidera toda do Lacan, da mulher "ser toda não toda" não faz um baita sentido?

Bem que alguém da área poderia vir aqui e explicar isso direitinho pra nós...

Bjs., lu.

Luciene Felix disse...

Amanhã, dia 12, 12 anos...

"Sonho com um amor que seja mais do que duas pessoas ansiando para possuir uma à outra...

Sonho com um amor em que duas pessoas compartilham uma paixão de buscar juntas uma verdade mais elevada.

Talvez não devesse chamá-lo de amor.

Talvez seu nome real seja amizade."

(Friedrich Nietzsche)

Urânia ao Ouranós.

Anônimo disse...

Prezada Luciene,

Como é bom saber que existem trabalhos como esse seu!
Parabéns!

Conforme tua instrução estou me cadastrando para receber seus artigos.

Um grande abraço.

Jorge Moré Jr.

Anônimo disse...

Como sempre um artigo com tua marca Lu, bem escrito e bem fundamentado!
Beijo a ti!

Eustáquio

Anônimo disse...

Lú, bom dia !

Como vocês estão?
Dia desses. precisamos ir tomar um café ....

O texto está maravilhoso!!!!
Vou imprimir e usar em algumas palestras, obviamente citando a fonte, nossa maior expert no tema!!!

Em tempo: gostei da parte da LUXÚRIA!!!!!

bjs,

Marcio Rachkorsky

Anônimo disse...

Estava eu, olhando a pagina principal desse portal, e observando as fotos de capa dos membros.

Dei com tua foto e a curiosidade me pegou.

Apesar de ser já um vetusto e venerando aposentado, sou mais curioso que uma criança na primeira infância e fico realmente chateado, quando minha erudição me falha.

Não consegui identificar o quadro que mostras em teu perfil. Resolvi visitar tua página para descobrir que obra era aquela e eis porém, senão quando, pego o link de teu blog e lá vou eu mergulhar em teus conhecimentos de filosofis e mitologia.

Sou apaixonado pela mitologia e pelas literaturas clássicas grega e latina. Até mesmo pela literatura clássica quinhentista, de Camões, Gil Vicente e Dante.

Embasbaquei-me com teu blog. Sou apenas um dentista aposentado, mas tenho um filho, meu caçula, que é mestre e doutor em filosofia.

Mas, chega de rodeios. Vamos ao ponto: o que e de quem é a obra que gerou toda esta lenga-lenga?
Gostei demais de teu blog e estarei sempre acessando-o!

Abraços!

Eurípides

Luciene Felix disse...

Amigo Eurípides,

Fico realmente feliz que estejas apreciando esse Blog.

A imagem é de John William Godward. Há belíssimas obras dele no Google Imagens.

Tenho uma réplica (obviamente) dessa em casa: transmite serenidade...

Bjs., lu.

Luciene Felix disse...

Márcio, seu luxurioso!

Amigos, Márcio é perseguido por Lúcifer (Advogado especialista em Direito Condominial, faz o programa "Chame o Síndico" do Fantástico e tem um programa na Rádio CBN, além de conceder entrevista e assinar colunas em jornais e revistas sobre a área - a propósito, a Revista de Higienópolis me ligou te procurando), mas é devoto mesmo do demônio da luxúria, Asmodeus! kkkk

Beijos para sua linda e adorável ex, Hita, e as crianças.

Apareça sim!

Bjs., lu.

Anônimo disse...

Lu,

É comum identificarmos os outros em textos que calam n'alma, "nossa! isto serve para fulano", porém, se quisermos amadurecer e enfrentar nossas fraquezas o melhor é assumir a porcentagem de cada pecado em nossa vida, com o escopo de diminuí-lo ou talvez arrancar, para que o mal hábito não se torne natural.

Você como sempre arrasando!!
Beijo grande da Sandra.

Sandra Kfouri

Anônimo disse...

É sempre gratificante ler os seus trabalhos publicados, seja na Internet, seja em jornais jurídicos.
Parabéns e obrigada.

Maria da Glória Perez

Luciene Felix disse...

Olá meninas!

Sandra, dê uma conferida em meu artigo sobre Sartre: "O inferno são os outros", rs.

E, Maria da Glória, gratificante é receber um email carinhoso como o seu amiga!

Estou com uma das obras do renomado sociólogo polonês Zygmunt Balman "Amor Líquido - Sobre a fragilidade dos laços humanos" e pretendo discorrer sobre esse tema, tão difícil e, infelizmente, atualíssimo... mas será um recorte; dessa vez, preciso me conter, rs.

Mudando de pato pra ganso, cês viram o rosto da Carla Bruni? Já era tão linda... o que foi aquilo? Ah, também frequento os redutos de Afrodite, pensam que não sou do clube das luluzinhas? Bjs.,lu.

Luciene Felix disse...

Vejam o link:

http://beleza.terra.com.br/mulher/interna/0,,OI4325422-EI7590,00.html

Bjs., lu.

Anônimo disse...

Srª. Luciene Félix,

Li a sua matéria da Edição de março do jornal Carta Forense, intitulada "Os Sete Pecados Capitais". Está ótima. Parabéns.
Seu blog já está em meus Favoritos.

Moacir Antônio.

Anônimo disse...

Dra. Luciene, boa tarde.

O texto sobre os pecados capitais... Sei que já foi publicado e a ideia não é fazer qualquer consideração, ao contrário... Lhe agradecer o envio...

Por que digo isso?

Porque diante de seu texto pude me conhecer melhor... Pude na realidade, descobrir qual é o pecado mortal que faz parte de minha personalidade... Bom... Ninguém sai ileso quando realmente pretende se auto-conhecer... E devo dizer que seu artigo foi a mola propulsora para que eu realmente passasse a me descobrir.

Bjs,

Daniele

Luciene Felix disse...

Danielle, minha preciosa amiga,

Por favor, pare de me chamar de doutora, please! Até porque, "Dra" é você, que eu saiba, rs.

Então, estáis discutindo isso com teu analista? Hummmm, interessante!

Bem, acabo de escrever: "AMOR LÍQUIDO - Sobre a fragilidade dos laços humanos", do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Postarei aqui em "Primeiro de Abril", junto com um prêmio de um bilhão de reais aos cem primeiros que acessarem esse blog!

Mil beijos,
lu.

Gean disse...

Desejar um bilhão de reais é pecado?

Por vias das dúvidas.. faz minha ficha aí! rsrs
Lu, já que me declarei uma humorista amadora , terás que me suportar!

Beijos querida pessoa.

Anônimo disse...

Bom dia!

Professora Luciene, ADORO seus textos!

Se puder me enviar algum material que julgue interessante, agradeço. Seus textos são dos melhores que já li, são ensaios,... Sei lá... Encantadores e cheios de conteúdo... Aliás, é impressionante como alguém pode por tanto conteúdo numa forma tão harmoniosa.

Meu nome é Augusto, formado em filosofia e estudante de direito, ok?

Forte abraço...!

Luciene Felix disse...

Olá Augusto,


Encantador é receber um email como o seu.

Harmonia, me atrai.
Tanto conteúdo?

Na "leitura das estrelas", minha maior distração, com certeza. Como Tales, não tiro os olhos do céu, rs.

Um grande abraço amigo,

lu.

Luciene Felix disse...

Amigos,

Eu não sou mais burra porque sou uma só. Acabo de atinar com uma postagem minha tão absurda que minha vontade é deletá=la imediatamente. Mas não vou fazer isso. Talvez só eu tenha percebido, rs.
Bjs., lu.

Unknown disse...

Luciene,

Gostei muito da sua análise sobre os pecados capitais. Interessante a Igreja católica fazer essa seleção de pecados quando o texto bíblico não faz uma escala nem descrecente nem ascedente de pecados.

Ana Laura disse...

Querida Luciene:Me vi inacreditavelmente envolvida por esse texto. Perdoe-me mas, não pude deixar de me lembrar do texto em que o Apóstolo Paulo trata do mesmo assunto no livro de Gálatas, capítulo 5. Tenho pensado muito sobre esse tema, e como você já deve ter percebido, eu não acredito em coincidências, encontrar esse texto aqui foi a "autenticação" para uma série de argumentos que eu mesma tenho me proposto. beijo e obrigada, Ana Laura

Brυnσ rσsα Grb. disse...

Está errado:

Inveja combate com caridade, e não com Generosidade.
Avareza se combate com Generosidade e não com Caridade.

norma disse...

Alguém chegou primeiro, em 30/03/10, chama-se Augusto, formado em filosofia e estudante de direito e disse a 'minha fala' : "Seus textos são dos melhores que já li, são ensaios,... Sei lá... Encantadores e cheios de conteúdo... Aliás, é impressionante como alguém pode por tanto conteúdo numa forma tão harmoniosa." :/ P.S.: 1) No Budismo fala-se em "Reis Demônios e suas legiões de 'filhas' - oi?; 2) A preguiça, em termos atuais, deveria ser vista com maior condescendência, afinal, pelo seu exercício, pelo menos, luxúria e a gula são atenuados; 3) "Em nossa língua, não encontramos uma palavra para definir o que seja sentir alegria no sofrimento ou má sorte do outro, mas em alemão há: “schadenfreude”." - não aprendi hoje com a leitura da sua 'preciosa' matéria (aprendi e relembrei MUITO, hoje). Aprendi com a "Rose" (a perseguidora implacável) explicando para o "Charlie", em 'Two & Half Men' :) Gasshô, Norma

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Eis que a Sabedoria reina, mas não governa, por isso, quem pensa (no todo) precisa voltar para a caverna, alertar aos amigos. Nós vamos achar que estais louco, mas sabes que cegos estamos nós, prisioneiros acorrentados à escuridão da caverna.

Abordo "O mito da caverna", de Platão - Livro VII da República.

Eis o télos (do grego: propósito, objetivo) da Filosofia e do filósofo. Agir na cidade. Ação política. Phrônesis na Pólis.

Curso de Mitologia Grega

Curso de Mitologia Grega
As exposições mitológicas explicitam arquétipos (do grego, arché + typein = princípio que serve de modelo) atemporais e universais.

Desse modo, ao antropomorficizarem os deuses, ou seja, dar-lhes características genuinamente humanas, os antigos revelaram os princípios (arché) de sentimentos e conflitos que são inerentes a todo e qualquer mortal.

A necessidade da ordem (kósmos), da harmonia, da temperança (sophrosyne) em contraponto ao caos, à desmedida (hýbris) ou, numa linguagem nietzschiana, o apolíneo versus o dionisíaco, constitui a base de toda antiga pedagogia (Paidéia) tão cara à aristocracia grega (arístois, os melhores, os bem-nascidos posto que "educados").

Com os exponenciais poetas (aedos) Homero (Ilíada e Odisséia), Hesíodo (A Teogonia e O trabalho e os dias), além dos pioneiros tragediógrafos Sófocles e Ésquilo, dispomos de relatos que versam sobre a justiça, o amor, o trabalho, a vaidade, o ódio e a vingança, por exemplo.

O simples fato de conhecermos e atentarmos para as potências (dýnamis) envolvidas na fomentação desses sentimentos, torna-nos mais aptos a deliberar e poder tomar a decisão mais sensata (virtude da prudencia aristotélica) a fim de conduzir nossas vidas, tanto em nossos relacionamentos pessoais como indivíduos, quanto profissionais e sociais, coletivos.

AGIMOS COM MUITO MAIS PRUDÊNCIA E SABEDORIA.

E era justamente isso que os sábios buscavam ensinar, a harmonia para que os seres humanos pudessem se orientar em suas escolhas no mundo, visando atingir a ordem presente nos ideais platônicos de Beleza, Bondade e Justiça.

Estou certa de que a disseminação de conhecimentos tão construtivos contribuirá para a felicidade (eudaimonia) dos amigos, leitores e ouvintes.

Não há dúvida quanto a responsabilidade do Estado, das empresas, de seus dirigentes, bem como da mídia e de cada um de nós, no papel educativo de nosso semelhante.

Ao investir em educação, aprimoramos nossa cultura, contribuimos significativamente para que nossa sociedade se torne mais justa, bondosa e bela. Numa palavra: MAIS HUMANA.

Bem-vindos ao Olimpo amigos!

Escolha: Senhor ou Escravo das Vontades.

A Justiça na Grécia Antiga

A Justiça na Grécia Antiga

Transição do matriarcado para o patriarcado

A Justiça nos primórdios do pensamento ocidental - Grécia Antiga (Arcaica, Clássica e Helenística).

Nessa imagem de Bouguereau, Orestes (Membro da amaldiçoada Família dos Atridas: Tântalo, Pélops, Agamêmnon, Menelau, Clitemnestra, Ifigênia, Helena etc) é perseguido pelas Erínias: Vingança que nasce do sangue dos órgãos genitais de Ouranós (Céu) ceifado por Chronos (o Tempo) a pedido de Gaia (a Terra).

O crime de matricídio será julgado no Areópago de Ares, presidido pela deusa da Sabedoria e Justiça, Palas Athena. Saiba mais sobre o famoso "voto de Minerva": Transição do Matriarcado para o Patriarcado. Acesse clicando AQUI.

Versa sobre as origens de Thêmis (A Justiça Divina), Diké (A Justiça dos Homens), Zeus (Ordenador do Cosmos), Métis (Deusa da presciência), Palas Athena (Deusa da Sabedoria e Justiça), Niké (Vitória), Erínias (Vingança), Éris (Discórdia) e outras divindades ligadas a JUSTIÇA.

A ARETÉ (excelência) do Homem

se completa como Zoologikon e Zoopolitikon: desenvolver pensamento e capacidade de viver em conjunto. (Aristóteles)

Busque sempre a excelência!

Busque sempre a excelência!

TER, vale + que o SER, humano?

As coisas não possuem valor em si; somos nós que, através do nôus, valoramos.

Nôus: poder de intelecção que está na Alma, segundo Platão, após a diânóia, é a instância que se instaura da deliberação e, conforme valores, escolhe. É o reduto da liberdade humana onde um outro "logistikón" se manifesta. O Amor, Eros, esse "daimon mediatore", entre o Divino (Imortal) e o Humano (Mortal) pode e faz a diferença.

Ser "sem nôus", ser "sem amor" (bom daimon) é ser "sem noção".

A Sábia Mestre: Rachel Gazolla

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O Sábio Mestre: Antonio Medina Rodrigues (1940-2013)

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Você se sentiu ofendido...

irritado (em seu "phrenas", como diria Homero) ou chocado com alguma imagem desse Blog? Me escreva para que eu possa substituí-la. e-mail: mitologia@esdc.com.br